Seminário de Combate ao Abuso e Violência Sexual InfantoJuvenil promove luta contra subnotificação de ocorrências no Fórum de Santana

O Plenário do Fórum de Santana ficou lotado, na manhã desta sexta-feira (10), quando recebeu o Seminário “Combate ao Abuso e à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes”. Com massiva presença de lideranças comunitárias e eclesiásticas, além de representações de escolas e autoridades ligadas à Rede de Proteção à Infância e Juventude, o objetivo da iniciativa era informar pessoas-chave na comunidade santanense para promover uma melhor prevenção e detecção de situações de abuso em seus respectivos círculos de convivência. (ACESSE A GALERIA DE FOTOS)

Realização da Vara de Infância e Juventude e do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania da Comarca de Santana, ambos conduzidos pela juíza Larissa Noronha, o evento emitirá certificado para os presentes nas três palestras, que tiveram como tema: “A realidade estatística dos casos de violência praticada contra crianças e adolescentes no Município de Santana e a responsabilidade da sociedade em denunciar os casos aos órgãos competentes”, ministrada pela enfermeira especialista em Vigilância em Saúde Renata Loiola; “Situações de risco de violência contra crianças e adolescentes e Rede de Atendimento à Infância e Juventude (Rede Acolher)”, ministrada pelo psicólogo da Promotoria da Infância e Juventude, Ricardo Barbosa Silva; e “Depoimento Especial segundo a nova Lei 13.431/2017”, ministrada pela titular da Vara de Infância e Juventude da Comarca, juíza Larissa Noronha.

Segundo o presidente do Tribunal de Justiça do Amapá (TJAP), desembargador João Guilherme Lages Mendes, eventos desta natureza, principalmente sendo iniciativa da Justiça, são louváveis por combater um mal lamentavelmente histórico e persistente. “O evento vem oportunamente ocorrer às vésperas do 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes”, pontuou.

“Esta data foi marcada com este tema para não esquecermos a menina Araceli Cabrera Sánchez Crespo, de 8 anos, que em 1973 foi sequestrada, estuprada e brutalmente assassinada, tendo em seguida seu corpo carbonizado, em Vitória (ES)”, lembrou o magistrado. “Infelizmente o fato não pode ser revertido e os autores nunca foram descobertos, o que torna ainda mais importante lembrarmos para que possamos realizar um trabalho de conscientização, preventivo, identificando e denunciando desde o início situações de abuso antes que se agravem a este ponto”, defendeu o desembargador.

O prefeito de Santana, Ofirney Sadala, presente no evento e compondo a mesa de honra, elogiou a iniciativa da Vara de Infância e Juventude de Santana, e ofereceu apoio da Prefeitura para contribuir com a causa. “É com alegria que temos este evento em Santana, que nos serve inclusive para unificar forças e pensamento no sentido de enfrentar o crime de violência e abuso contra crianças e adolescentes”, registrou.

“Assim que terminou a primeira palestra já combinei com o presidente do Conselho Tutelar uma reunião com nossa secretária de Educação para termos uma ação ainda mais efetiva dentro de sala de aula, com o professor, para dar mais eficiência na luta contra este mal”, declarou o chefe do Pode Executivo municipal de Santana, Ofirney Sadala.

O delegado da Infância e Juventude de Santana, Ruben dos Santos Neves, declarou que acredita na missão do evento e em sua metodologia. “De fato acreditamos que existe uma subnotificação das ocorrências e a informação é a principal arma para esta luta. Muitas vezes a família ou o grupo social, por desinformação ou pudor, acaba evitando comentar ou denunciar o fato às autoridades”, lamentou o delegado.

“Quando a importunação, abuso ou mesmo exploração não é comunicada à Rede de Proteção à Infância e Juventude, não apenas se deixa de acolher a vítima, como também não se repreende o autor, que tende, devido à impunidade, a reincidir no ato, podendo até escalar na gravidade no futuro e prejudicar novas vítimas”, relatou o delegado.

“Esclarecer a sociedade sobre os instrumentos e membros da Rede é fundamental para combater essa situação e, caso seja um sucesso e se consiga aumentar o número de denúncias, a Polícia Civil tem toda a condição e preparação para dar vazão a ele, inclusive com novos agentes e oficiais nomeados e ativos nos últimos meses”, concluiu o delegado Ruben Neves.

A magistrada Larissa Noronha explicou que o evento é um reforço necessário ao trabalho já realizado com grande empenho pelos órgãos que compõem a Rede de Proteção à Infância e Juventude. “Neste Seminário, nossa preocupação maior é com os casos que nem chegam na forma de denúncia à Vara, à Delegacia ou ao Conselho Tutelar, por isso estamos focando em lideranças de fora dessas estruturas para multiplicar essa informação, especialmente lideranças religiosas, comunitárias e professores e gestores da rede de ensino”, esclareceu a magistrada.

“Aqui em Santana, também por ser uma área portuária, é muito sensível a este tipo de situação e o assunto precisa ser tratado com muita delicadeza, inclusive por não ser algo que ocorre só na rua, mas também acontece muito dentro de casa, na própria família, ou com pessoas conhecidas”, lamentou a juíza Larissa.

- Macapá, 10 de maio de 2019 -

Assessoria de Comunicação Social
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Criado: Sexta, 10 Mai 2019 13:44