Ação do Juizado da Violência Doméstica de Santana reúne famílias para reflexão sobre a violência contra a mulher
Como parte da programação da 11ª Semana Nacional Justiça pela Paz em Casa, organizada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Comarca de Santana uniu esforços para realizar 25 audiências de instrução e julgamento e medida protetiva. A unidade também organizou uma programação voltada para as famílias atendidas na Associação “A Nossa Família”, parceira da Justiça. A entidade filantrópica e sem fins lucrativos oferece diversos serviços para pessoas em situação de vulnerabilidade social, mulheres grávidas e crianças de 0 a 4 anos.
De acordo com a vice-presidente, freira Ângela Lima, as equipes psicossociais da Justiça de Santana reúnem mensalmente as mulheres para oferecer apoio e acompanhamento de suas necessidades. “É oferecida sustentação e apoio e, algumas vezes, as mulheres são encaminhadas para continuar o acompanhamento no Fórum de Santana. A equipe psicossocial é nossa parceira nessa caminhada da busca pela dignidade da mulher”, informou a representante da entidade.
Na abertura do evento houve a encenação do grupo teatral Agnus, sobre o tema violência doméstica; e a apresentação de um vídeo sobre o trabalho realizado pelo Juizado. Em seguida, a assistente social e analista do Ministério Público do Amapá (MP-AP), Alzira Nogueira, palestrou sobre “Desigualdade de Gênero e Feminicídio: um olhar sobre o Amapá”, trazendo um debate em relação ao crescimento da violência doméstica e dos casos de feminicídio no país.
“É fundamental que possamos criar espaços, tanto no âmbito das instituições como nos movimentos sociais, para falar sobre essas questões, refletindo sobre a problemática e, sobretudo, pensando em estratégias de superação desse problema. É preciso destacar também que a violência contra a mulher no Brasil tem um recorte de raça bem definido, com a incidência de quase 60% sobre as mulheres negras”, ressaltou a palestrante.
A delegada da Delegacia de Crimes Contra a Mulher (DCCM), de Santana, Maria Leida Borges, falou sobre os instrumentos legais criados com o objetivo de garantir a proteção da mulher. “As Leis Maria da Penha e a Lei do Feminicídio são normas recentes, mas percebemos que elas encorajaram as mulheres a procurarem a delegacia. Recebemos relatos de mulheres que viveram por décadas em relacionamentos violentos e agora com os avanços da legislação procuram seus direitos, elas têm denunciado e retornado quando o abuso não cessa”, informou.
Para que as pessoas tenham consciência sobre as consequências desse ato criminoso, a delegada ainda garantiu que “em caso de desobediência e reincidência temos um mecanismo legal para pedir a prisão preventiva do agressor”, concluiu.
A juíza Michelle Farias, titular do Juizado, destacou que ações como essas realizadas com a comunidade motivam a equipe no trabalho que também é desenvolvido dentro do Fórum. “Quando estamos na comunidade com o serviço de prevenção, ganhamos mais ânimo porque percebemos que existem pessoas com pensamentos novos, que buscam enfrentar o machismo, o patriarcalismo e a violência”, informou.
A juíza Michelle Farias ainda advertiu que, com aprofundamento dos estudos sobre as motivações da violência doméstica, são notórios os resquícios do comportamento patriarcal, por meio do qual o papel de autoridade inquestionável do homem lhe concede o poder do castigo.
“Na atualidade a mulher não possui o papel que lhe era atribuído antigamente, ela saiu para o mercado de trabalho e também quer dividir tarefas com o homem, para que sejam parceiros de vida. Se o homem ainda estiver com o pensamento antigo, de que ele é o dono da razão, isso gerará violência”, pontuou.
“Vemos, no dia-a-dia do Juizado, homens que não são voltados para a prática criminosa, mas que cometem essas violências porque a mulher saiu para estudar, deixou de fazer a refeição ou não cuidou do filho. Esse é o pano de fundo da violência doméstica e que procuramos enfrentar e combater com esses eventos pedagógicos”, encerrou a magistrada.
Na ocasião, estiveram presentes o delegado de polícia Edmilson Antunes Ferreira; a coordenadora do Centro de Atendimento à Mulher e a Família (CAMUF) de Santana, Adriana Duarte e a Coordenadora da Política para Mulheres de Santana, Beatriz Cantídio Nobre.
Macapá, 22 de agosto de 2018 -
Assessoria de Comunicação Social
Siga-nos no Twitter: @Tjap_Oficial
Facebook: Tribunal de Justiça do Amapá
You Tube: TJAP Notícias
Flickr:www.flickr.com/photos/tjap_oficial
Instagram: @tjap_oficial
Programa Justiça por Elas- Rádio 96.9 FM
Programa Conciliando as Diferenças- Rádio 96.9 FM
Programa Nas Ondas do Judiciário- 630 AM
Programa Justiça em Casa- Rádio 96.9 FM
Programa Justiça Contando Histórias- Rádio Difusora
- Detalhes
- Criado: Quarta, 22 Agosto 2018 08:06