Programa radiofônico Justiça por Elas aborda práticas restaurativas com homens autores de violência doméstica em Santana
Homens autores de violência doméstica, em cumprimento de medida protetiva de urgência, são foco do projeto “Transformando Trajetórias”, desenvolvido pelo Juizado da Violência Doméstica Contra a Mulher da Comarca de Santana. A Juíza Michelle Farias, titular da área no município, explica que o diferencial do projeto “é a utilização da metodologia das práticas restaurativas”. Ela é a entrevistada no programa Justiça por Elas (que vai ao ar nesta terça,12, pela Rádio Universitária 96.9 FM), juntamente com a psicóloga Eliany Rodrigues e a assistente social Janice Divino, que compõem a equipe psicossocial da unidade.
O mediador não precisa ser necessariamente um psicólogo ou assistente social, necessita ter formação em “práticas restaurativas”. Segundo a magistrada, essa metodologia assegura um patamar de “igualdade entre as pessoas que participam”. A partir de um instrumento, definido como “objeto da fala”, cada integrante tem a oportunidade de falar e ser ouvido, induzido por questionamentos feitos pelo mediador.
“Nesse modelo não existe um protagonista, aquele que profere uma palestra. Ao contrário, todos falam”, argumenta a juíza Michelle.Com a troca de informações e experiências sobre os temas propostos, o participante se vê mergulhado em uma reflexão conjunta.
“Nossa intenção é fazer com que esses homens reconheçam a violência como uma conduta inadequada e que tem graves consequências, além de aprenderem a lidar com os problemas de uma forma não violenta”, argumentou.
A juíza Michelle esclareceu também que a participação desses homens nos círculos de diálogo é uma determinação do juízo, como parte do cumprimento da medida protetiva. Afirmou também que o comparecimento dos autores de violência aos encontros do projeto não os exime de responsabilidade sobre os atos praticados.
“Não é um atenuante à punição cabível em cada situação. Não interfere no processo criminal e não retira dos réus o dever de responder criminalmente”, reiterou.
A assistente social Janice Divino relatou que, em geral, os homens chegam ao círculo com uma “postura defensiva”, mas ao longo do desenvolvimento da metodologia, conseguem dialogar. “Quando a sociedade olha para esse homem agressor, a tendência é repudiá-lo. Nós estamos aqui para olhar esse homem de forma diferenciada, compreendendo que ele também precisa ser ouvido e trabalhado de forma qualificada”, explicou.
O projeto também objetiva refletir sobre como esses homens veem a mulher e seu papel na sociedade. “Todos os homens têm pelo menos uma mulher como referência, que pode ser uma mãe, avó ou filha ou outra. Nós provocamos a reflexão a partir dessa mulher, sobre como eles gostariam que ela fosse tratada”, revelou Janice.
Eliany Rodrigues, psicóloga, explicou que ao analisar a história de vida desses homens é comum verificar que “em algum momento foram negligenciados ou agredidos”. Porém, ela argumentou que a violência contra a mulher também está relacionada com a “forma como nossa sociedade define os papeis de gênero”.
A conjunção de diversos fatores estaria na base dessas condutas, segundo ela. “Em geral eles tentam justificar a agressão praticada como resposta ao ato da mulher, por isso precisamos resignificar esses papéis e essa forma de vê-los”, finalizou Eliany.
- Macapá, 12 de maio de 2018 -
Assessoria de Comunicação Social
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- Criado: Segunda, 11 Junho 2018 22:00