Juíza da Violência Doméstica defende eficácia da Lei Maria da Penha e alerta para a necessidade de avanços
A violência contra a mulher não respeita faixa etária, atinge desde meninas em tenra idade, vitimadas pelo abuso sexual e negligência; até mulheres idosas, vitimadas pela exploração financeira e o abandono; além da violência física, que afeta todas as gerações. Para combater essa moléstia social a Lei Maria da Penha completa 11 anos de vigência durante o mês de agosto. Para a juíza Michelle Farias, titular da Vara de Violência Doméstica da Comarca de Santana, a Lei veio para ficar.
“A Lei veio melhorar e dar mais proteção à mulher dentro de casa. Contraditoriamente, as pesquisas mostram que dentro de casa, onde seria um lugar de maior proteção, de maior amor e maior afeto, é o local onde a mulher é mais violentada”, evidencia a juíza. Segundo ela, a Lei Maria da Penha proporcionou maior visibilidade a essa violência que acontece dentro do lar, além de trazer mecanismos de prevenção a ela.
São 11 anos de vigência que popularizaram a Lei Maria da Penha, elogiada internacionalmente. Porém, para a juíza Michele, é preciso avançar em alguns lugares do Brasil. Muitos municípios no país, mesmo cidades grandes e populosas, não contam com uma Vara específica para a violência doméstica. “Isso dificulta a aplicação da Lei e impede maior proteção à mulher. Quando não tem o Juizado, a aplicação da Lei ocorre dentro de uma Vara não especializada, onde a violência contra a mulher vai concorrer com outros crimes, que muitas vezes tem tratamento prioritário”, explica a juíza.
Para ela, a falta de varas especializadas faz com que a Lei perca efetividade e rapidez em sua aplicação. Além disso, em muitos juizados especiais ainda não existe uma equipe multidisciplinar para acolher a mulher e a família que sofrem violência. “O Juizado deve ter uma equipe com psicólogo, assistente social e uma secretaria. É uma unidade jurisdicional que tem uma composição diferenciada de uma vara criminal ou de uma vara cível, porque tem tanto o técnico que cuida da parte jurídica, quanto o técnico que cuida da parte emocional, psicológica e social. Com o juizado o atendimento fica mais completo”, argumenta.
A titular da Vara de Violência Doméstica da Comarca de Santana relata que salta aos olhos a quantidade de mulheres que chegam até a Justiça marcadas por longos períodos de submissão à violência. “A mulher demora a denunciar. Leva anos para se conscientizar e se reconhecer como vítima de violência e tentar mudar essa situação. São pessoas muito machucadas, que precisam de um atendimento acolhedor que lhes dê forças para seguir nesse caminho da mudança”, pondera a magistrada.
A juíza Michelle Farias ressalta os mecanismos de prevenção à violência presentes na Lei Maria da Penha, que antes não existiam na legislação brasileira. “A legislação criminal no Brasil era meramente punitiva. Com a Lei Maria da Penha surgem as medidas protetivas, que buscam evitar a violência. Esse é o grande ganho. Algumas delas são proibição de contato, de aproximação, afastamento do agressor do lar, proibição de venda ou qualquer ato de alienação do patrimônio do casal”, explica.
Segundo a magistrada, ultimamente vem crescendo a prática de uso das redes sociais para desabonar a imagem da mulher. “Diante de uma situação como essa o Judiciário pode expedir normas de proteção para que essas notícias ou postagens sejam retiradas das redes sociais, impedindo novos danos à imagem daquela mulher”, revela a juíza Michelle.
-Macapá, 08 de agosto de 2017-
Assessoria de Comunicação Social
Siga-nos no Twitter: @Tjap_Oficial
Facebook: Tribunal de Justiça do Amapá
You Tube: TJAP Notícias
Flickr: www.flickr.com/photos/tjap_oficial
Instagram: @tjap_oficial
Programa Justiça por Elas- Rádio 96.9 FM
Programa Conciliando as Diferenças- Rádio 96.9 FM
Programa Nas Ondas do Judiciário- 630 AM
Programa Justiça em Casa- Rádio 96.9 FM
Programa Justiça Contando Histórias- Rádio Difusora
- Detalhes
- Criado: Terça, 08 Agosto 2017 03:18