Adoção por afetividade é discutida no II Seminário Estadual promovido pelo Judiciário
Criança a ser adotada não é ‘mercadoria’. Partindo desse princípio, a Coordenadoria Estadual da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Amapá convidou os agentes envolvidos no processo de adoção no Amapá para debater o assunto no II Seminário Estadual sobre Adoção, com o tema: A Afetividade como Matriz na Reconstrução do Conceito de Filiação. (VISUALIZAR FOTOS)
O evento ocorreu no plenário do TJAP e trouxe como palestrante a Psicóloga Lídia Weber, professora com pós-graduação em Educação, Especialista em Antropologia Filosófica (UFPR), Especialista em Origens Filosóficas e Científicas da Psicologia (UFPR); Mestra e Doutora em Psicologia Experimental (USP), e Pós-doutora em Saúde e Desenvolvimento Humano (UnB).
A primeira palestra versou sobre o tema Abandono e Adoção no Brasil, quando a palestrante esclareceu alguns pontos baseados em pesquisas sobre o que leva, especialmente as mães, a abandonarem um filho. O obstáculo maior foi identificado exatamente na falta de afeto, de conselhos e envolvimento da família que a criou.
“E ainda tem os fatores econômicos. Na maioria das vezes as mães abandonam os filhos por falta de condições financeiras e essas crianças acabam indo parar nos abrigos e na lista de adoção. Por outro lado, nós precisamos juntar duas turmas, que pelos números, estão em lados opostos: as crianças que estão esperando e os pretendentes”, observou Lidia Weber.
A Coordenadora Estadual da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Amapá, desembargadora Sueli Pini, afirmou que a esperança continua sendo um sentimento comum entre crianças e adolescentes que aguardam pela adoção nos abrigos, mesmo diante da espera por uma nova família, que às vezes parece não chegar nunca. A preferência dos pretendentes pela cor, raça e sexo vem sendo um dos maiores entraves para que determinada criança encontre uma futura família.
“Nós temos alguns sonhos de adoção que não se encaixam na realidade. Muitos que pretendem adotar querem uma criança branca, bebê, de preferência menina. Aí fica complicado porque esse ideal de criança não é a criança que está disponível para adoção. Então, as pessoas precisam desconstruir esse ideal e começarem a ir aos abrigos e orfanatos onde há tantas crianças à espera de uma família e, o mais grave, muitas delas demorando muito para encontrar um lar.
Para se ter uma ideia, muitas dessas crianças vão completar 18 anos abrigadas e não terão essa referência importantíssima que é da família. Adoção significa gesto de amor, responsabilidade e um bom apaixonamento”, esclareceu.
Um belo exemplo de adoção por afetividade é o da dona de casa Judith Santa de Lima, que participou do seminário como convidada. Ela fez questão de levar a pequena Ana Beatriz de três anos, portadora de deficiência visual. Com a filha no colo, Judith é taxativa ao afirmar que “foi amor à primeira vista, até porque a Beatriz é uma criança maravilhosa, com todas as qualidades, independente da falta de visão”. conta a mãe. Bia, como é carinhosamente chamada a criança, não andava e não falava quando foi adotada. “Faltava estímulo e amor e isso hoje ela tem de sobra”, relata dona Judith.
O presidente do Tribunal de Justiça do Amapá, desembargador Carlos Tork, esclareceu que os futuros adotantes precisam entender que a adoção não é mais um ato de caridade. É o direito da criança de ter um lar, independentemente da composição da família.
“Hoje, na concepção atual de humanização, de informação, já temos um outro aspecto familiar com casais homoafetivos, unifamiliar. Hoje se compreende uma família pela relação de afetividade. Eu digo que família é um prato que se come quente e quando a relação é por afetividade, fica mais quente ainda”, afirmou o presidente.
Além das exposições da psicóloga Lídia Weber, a juíza Laura Costeira Araújo de Oliveira palestrou sobre “Os desafios da adoção de crianças e adolescentes no Estado do Amapá” e a juíza Larissa Noronha trouxe o tema “Experiências exitosas na Vara da Infância e Juventude da Comarca de Santana”.
“Já evoluímos no sentido de identificar que não é o fator biológico, o fator sanguíneo que cria a afetividade, que liga as pessoas como um núcleo. Família hoje são as pessoas que você identifica como suas cuidadoras, seus referenciais e esse seminário nos deu essa oportunidade de buscarmos encontrar onde está o gargalo. O que precisamos é unir forças para melhorar o sistema de adoção no Amapá”, disse a juíza Larissa.
-Macapá, 27 de junho de 2017-
Assessoria de Comunicação Social
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- Criado: Terça, 27 Junho 2017 03:53