No Fórum de Macapá, Sala de Depoimento Especial acolhe crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de crimes violentos

depoimentosala 14O Fórum de Macapá e toda a Justiça do Amapá contam com a recém reformada Sala de Depoimento Especial – antes chamada de depoimento sem dano. Trata-se de uma sala de audiência regular, junto a um espaço anexo, onde podem ser entrevistadas crianças e adolescentes que testemunharam ou sofreram atos de violência. É um recurso com a finalidade de garantir o direito à dignidade do entrevistado, na busca por amenizar a revitimização da pessoa.

A criação da estrutura - física e de recursos humanos - cumpre com o previsto no Artigo 227 da Constituição Federal de 1988, que estabelece como dever absoluto da família, da sociedade e do Estado garantir a aplicação dos direitos da criança e do adolescente. Também aplica o Ato Conjunto 427, de 02 de março de 2017, da Justiça do Amapá, assinado pela então presidente do TJAP, desembargadora Sueli Pereira Pini, e pelo então corregedor-geral do TJAP, desembargador Carmo Antônio de Souza. O documento, em seu Artigo 4º, determina, entre outros fatores, que as entrevistas, nesses casos, devem ser compostas de cinco fases: conhecimento; planejamento e preparação; acolhimento; depoimento; clarificação; e finalização ou fechamento.

depoimentosala 12De acordo com a titular da 2ª Vara Criminal da Comarca de Macapá, juíza Aline Almeida Perez, o modelo anterior, de escutar menores de 18 anos sem um tratamento mais humano e sensível à sua idade e identidade ainda em formação, promovia uma espécie de “violência institucional”. “Mesmo não sendo intencional, o simples ato de perguntar à vítima sobre detalhes de um ato de violência sexual por ela sofrida, por exemplo, significava trazer todo o trauma à tona e fazê-la sofrer com aquilo mais uma vez”, explicou a magistrada.

depoimentosala 7Neste ambiente diferenciado e menos frio que é a sala de audiência, com acompanhamento de entrevistadoras capacitadas, a vítima ou testemunha é ouvida em tempo real pelas partes e pelo juiz, mas com uma mediação mais sensível às suas condições psíquicas e emocionais. “Nossa equipe é tão bem preparada que consegue extrair o relato com o mínimo de interferência, pelo livre discurso da criança, inclusive conseguindo auxiliar no sentido de distinguir memórias reais de memórias falsas, ou de declarações ensaiadas ou orientadas por terceiros”, explicou.

depoimentosala 11A magistrada fez questão de ressaltar a importância deste preparo por parte de quem entrevista no ato do depoimento especial. “Com o auxílio de um ponto eletrônico no ouvido, o entrevistador é orientado sobre o que perguntar, mas ele próprio formula de forma a não induzir respostas ou parecer insensível à situação, pois quando as partes perguntam diretamente, ou mesmo o juiz, o tom e o detalhe perguntados podem gerar constrangimentos desnecessários e, eventualmente, interferir no resultado do testemunho”, clarificou.

A juíza alertou que o espaço e a equipe que promovem o Depoimento Especial estão disponíveis para todos os juízes que se vêem precisando ouvir crianças ou adolescentes que foram vítimas ou testemunhas de abusos e violência, e não somente os que o foram devido à sua vulnerabilidade. “Qualquer juiz da Justiça do Amapá, e não apenas das Varas de Violência Doméstica e da 2ª Vara Criminal, pode usufruir da estrutura do Depoimento Especial”, concluiu.

De acordo com a magistrada, o uso apropriado do recurso de Depoimento Especial promove a proteção integral da dignidade dos depoentes, além de dar efetividade aos direitos fundamentais, todos fatores que devem permear a atuação de cada membro da rede de proteção deste público.

depoimentosala 4Segundo a servidora do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Comarca de Macapá, psicóloga Ana Júlia Lima de Barros, que também é entrevistadora capacitada para atuar na coleta de Depoimentos Especiais, todas as vezes que se apura um crime cometido, a testemunha infantil ou adolescente é exposta ao sofrimento novamente. “Essa revitimização precisa ser evitada ou, pelo menos amenizada, coisa que não ocorre quando se usa o modelo anterior”, explicou.

Cientes de que a simples exposição da vítima nos atos da denúncia e depoimentos pode ser um fator que agrida ainda mais a sensibilidade da criança ou adolescente, por vezes as famílias evitam estes momentos e acabam ajudando a manter o autor da violência impune, explica a psicóloga. “Precisamos que todos conheçam o Depoimento Especial, pois quando buscamos a verdade dos fatos para responsabilizar os autores, contribuímos para evitar que eles cometam o crime novamente”, defende Ana Júlia.

Apesar de compreender que não é possível eliminar o dano causado, seja no ato de violência ou ao provocar a lembrança precisa para relato em depoimento, a psicóloga Ana Júlia acredita que sempre vale a pena denunciar e depor. “Precisamos fazer nossa parte, denunciando e depondo. Embora não seja possível apagar o que foi feito, uma condenação pode encerrar um ciclo de violência e cabe à Justiça oferecer esta oportunidade”, concluiu.

-Macapá, 10 de julho de 2017-
Assessoria de Comunicação Social
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