Amapá, Mato Grosso do Sul e DF concluem expansão das audiências de custódia

 custodiaPelo menos dois Estados e o Distrito Federal já cumprem regra do Conselho Nacional de Justiça que determina a expansão das audiências de custódia por todo o país. A iniciativa, que garante ao preso em flagrante o direito de ser ouvido por um juiz em até 24 horas, tem sido adotada em todas as capitais do país na esfera estadual do Judiciário. O CNJ quer agora que cheguem às cidades do interior e sejam promovidas inclusive por tribunais regionais federais.

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal faz o atendimento pleno desde outubro de 2015, quando implantou as audiências. Até março de 2016, foram ouvidas 5.239 pessoas: 55% continuaram atrás das grades, com prisão convertida em preventiva, enquanto as demais respondem em liberdade. O alvará de soltura pode fixar medidas cautelares — exceto monitoramento por tornozeleiras eletrônicas, pois os equipamentos ainda não foram comprados pelo Poder Executivo, segundo o TJ-DF.

Todos os presos são levados a um espaço sediado no Fórum de Brasília, inclusive nos finais de semana. Dois juízes exclusivos atuam nos dias úteis, enquanto aos sábados e domingos ficam à disposição dois plantonistas, escalados em sistema de rodízio.

A Defensoria Pública tenta acompanhar o ritmo. Três defensores do núcleo de plantão se revezam para atender à demanda —como cerca de 70% dos presos não têm advogado particular, a instituição reconhece que a quantidade de profissionais é insuficiente. Já o Ministério Público considera adequada a equipe escalada: dois promotores fixos e outros dois se revezando no plantão.

Mesmo com pouco pessoal, a Defensoria considera que o empurrão do CNJ para a implantação das audiências de custódia “se deu forma efetiva e satisfatória, diante da demora do legislador em regulamentar a matéria”, já que ainda tramita no Senado projeto de lei sobre o tema. O defensor público Tedson Paixão Queiroz, coordenador do núcleo do plantão, avalia que a edição de lei específica seria positiva para evitar dúvidas sobre seu funcionamento.

Para o MP-DF, seria desejável legislação própria “definindo qual é o juízo competente para a análise da regularidade e da necessidade da custódia, além da fixação de prazo razoável para a viabilidade de realização do ato em todo o território nacional”.

Outras experiências


 custodia 5No Amapá, nenhum preso em flagrante precisa viajar: as audiências ocorrem nos fóruns de todo o estado desde setembro de 2015. As comarcas de Macapá e de Santana centralizam o atendimento na Vara das Penas e Medidas Alternativas e na Vara da Violência Doméstica, respectivamente. Nas demais comarcas, os casos vão para o plantão. Segundo dados do CNJ, 61% dos suspeitos foram liberados dentre os 502 ouvidos até janeiro.

As cidades de Mato Grosso do Sul adotam a experiência desde outubro de 2015. Um juiz de cada comarca fica responsável pelo atendimento — o diretor de foro pode ainda destacar outros para os fins de semana. Diferentemente do Amapá e do Distrito Federal, ficam disponíveis 200 tornozeleiras eletrônicas para algumas das pessoas soltas.

A maioria, porém, ficou em prisão preventiva: 1.990 dos 3.157 suspeitos ouvidos até abril, o equivalente a 63% do total. Tráfico de drogas e violência doméstica são os principais crimes citados, de acordo com o Ministério Público estadual.

São destacados 54 promotores para participar das audiências de custódia. A Procuradoria-Geral de Justiça considera o número suficiente, apontando que pode designar mais membros do MP para reforço, quando necessário.

Para o MP-MS, é importante a criação de lei específica sobre o assunto, “de maneira que se estabeleça um regramento nacional diretamente proferido pelo poder constitucionalmente legitimado para a elaboração de normas primárias”.

O CNJ criou resolução determinando que todos os tribunais de Justiça e tribunais regionais federais apresentassem, até o dia 1º de março, “planos e cronograma de implantação” das audiências de custódia em suas jurisdições.

Segundo o conselho, todas as cortes cumpriram o prazo, mas as propostas ainda estão em análise. Em São Paulo, o Tribunal de Justiça decidiu fazer a ampliação em etapas — a sexta e última está marcada para agosto de 2017.

Debate público


 custodia 10A implantação das audiências de custódia será tema de debate no dia 30 de maio, às 18 horas, na sede da Associação dos Advogados de São Paulo. O ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal e do CNJ, será um dos participantes, ao lado do juiz Luís Geraldo Sant’Ana Lanfredi, coordenador do departamento que fiscaliza o sistema carcerário.

O evento é feito em parceria com o Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), e os interessados devem se inscrever no site da Aaasp.

Clique aqui para ver mapa de instalação pelo país.

Texto:Felipe Luchete

Fonte: Conjur

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