“Mulheres da Justiça”: Juíza Larissa Antunes fala sobre sua trajetória e perspectivas para o Judiciário
“Sempre decidimos com a letra fria da lei, mas penso que a capacidade de usar a intuição também é fundamental” (Juíza Larissa Antunes)
Os desafios impostos para as mulheres, na sociedade e no mercado de trabalho, não são poucos, mas isso nunca foi um empecilho na caminhada pessoal e profissional da juíza Larissa Noronha Antunes. Amazonense nascida às margens do Rio Negro, a magistrada exerce atualmente a titularidade na Vara de Infância e Juventude da Comarca de Santana, segundo maior município do Amapá, e é mais um destaque do quadro “Mulheres da Justiça: Série Juízas”. A série reúne histórias e lições aprendidas no cotidiano profissional das magistradas do Judiciário amapaense.
Escolhas
Tal qual o encontro das águas entre os rios Negro e Solimões foi o encontro de Larissa com o Direito. Com o pai exercendo a função de promotor de Justiça, a aptidão pelo mundo jurídico floresceu de forma natural.
“Apesar de ter feito curso técnico de processamento de dados, optei pelo curso de Direito, pois foi um caminho que se apresentou naturalmente. Ingressei na Universidade Federal do Amazonas e tive a oportunidade de estagiar em instituições como Tribunal de Contas, Ministério Público.”
Em busca dos sonhos, após concluir a graduação, Larissa Antunes seguiu para o estado de São Paulo para uma nova jornada preparatória. Desta vez, visando a aprovação em concursos públicos. “Foi um período longe de casa no qual me dediquei intensamente aos estudos e fui aprovada para o cargo de analista da Justiça Federal. Exerci o cargo durante um ano e meio, aproximadamente, porém com um objetivo ainda a ser conquistado que era a carreira na magistratura.”
Regresso ao Norte do país
Em fevereiro de 2003, por ocasião do quinto concurso para a magistratura realizado pelo TJAP, Larissa chega ao Amapá. “Vir para o Amapá foi como voltar para minha terra, pois estava regressando ao Norte, à Amazônia. Minha aprovação no concurso foi um grande presente, mas também um passo muito especial e decisivo, pois foi aqui neste estado que construí minha vida profissional e pessoal, criei raízes, conheci meu esposo e tive minhas filhas.”
Mulheres pioneiras
“Ingressei na Justiça do Amapá como juíza substituta e tive minha primeira experiência em uma comarca do interior quando minha filha tinha apenas seis meses de vida. Quando fui tinha uma certa preocupação, afinal são cidades menores onde o contato com a população é muito próximo, todos sabem quem é o juiz, promotor. Mas foi um período muito bom, onde cresci muito profissionalmente, e sempre fui muito bem tratada por onde passei. Penso que as primeiras magistradas do Judiciário amapaense foram desbravadoras e abriram o caminho para que pudéssemos chegar e desempenharmos nossas atividades com mais tranquilidade.”
Mulher, jovem e Juíza de Direito
"Apesar de ser a única filha na minha família, todas as oportunidades sempre estiveram muito abertas a mim e isso eu busquei transportar para a minha a vida. É claro que existem, sim, as diferenças, mas isso nunca me impediu de fazer nada. Sempre encarei com muita determinação, e as dificuldades que podemos encontrar, deveram enfrentar com naturalidade, construindo e aprimorando o pensamento para que possamos, de fato, alcançar o equilíbrio para a vida em sociedade.”
Juiz não tem varinha mágica
“Estamos trabalhando na desconstrução do pensamento que acabou se tornando um costume, no qual a Justiça tem o poder de resolver problemas pessoais. Hoje, buscamos dar autonomia ao cidadão, desconstruindo a idéia que ao entregar o problema ao Judiciário ele vai entregar a solução perfeita, achando que o juiz tem uma varinha mágica e que ele pode solucionar tudo. Na verdade, só alcançamos a pacificação do conflito quando incentivamos o diálogo e empoderamos as pessoas para que elas assumam o protagonismo de suas ações.”
Olhar humano
A magistrada é grande entusiasta da utilização das práticas restaurativas dentro do Poder Judiciário. Um trabalho de referência, realizado na comarca santanense em parceria com o Ministério Público, que ganhou notoriedade até mesmo fora do país. “É um olhar diferenciado para o ser humano, pois buscamos identificar a origem dos problemas, refletir sobre as situações que originaram os fatos, pois muitas vezes o processo é concluído, mas o conflito entre as partes é mantido”.
Justiça mais célere e eficiente
“Sempre enxerguei a Justiça do Amapá como uma Justiça muito moderna, que está sempre de mente aberta e preparada para as mudanças que se apresentam em cada tempo. Foi assim com nossos pioneiros que fundaram a Justiça estadual e hoje damos continuidade, nos adaptando aos novos desafios que vão surgindo, destacando sempre o objetivo comum entre os servidores da Justiça que é a prestação de um serviço cada vez mais célere e eficiente.”
Intuição feminina
“Sempre decidimos com a letra fria da lei, mas penso que a capacidade de usar a intuição também é fundamental. Há momentos em que é necessário silenciar e momentos em que é preciso agir. O Judiciário é composto por pessoas, e temos a capacidade que nenhuma máquina é capaz de substituir, que é nossa sensibilidade”.
Laços que o Amapá ajudou a construir
“Nasci as margens do rio Negro, sempre fui muito alegre e com o desejo de explorar. Muito curiosa, tinha vontade de voar mais longe e aqui no Amapá tive lições ainda maiores. Aprendi sobre o amor, construí minha família, tenho duas filhas maravilhosas e amizades muito fortes. Quando penso na minha cidade de origem, logo vêm as músicas folclóricas entoadas pelos bois de Parintins, e quando penso no Amapá sempre vem à mente as bonitas canções dos artistas locais que retratam o modo de vida do povo daqui.”
- Macapá, 24 de Março de 2021 -
Assessoria de Comunicação Social
Texto: Maurício Gasparini
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- Criado: Quarta, 24 Março 2021 07:45