Nossa Reverência aos Jornalistas
- Macapá, 08 de abril de 2016-
Há quem diga que o jornalismo é um vício, e quem bebe dessa cachaça chamada comunicação fica embriagado, viciado no bom sentido e jamais o deixa. No dia a dia, nos deparamos com os jornalistas experientes (os chamados dinossauros da comunicação) e com os jovens estudantes cheios de “sede”, de sonhos e vontade de fazer diferente. O comum entre eles é a mesma paixão por esta profissão.
Muitos até podem não perceber, mas quando acordam e ligam a televisão no noticiário matinal, degustam uma bela xícara de café lendo um jornal impresso, acessam a internet pelo celular e procuram os portais de notícia, ou entram no carro e ligam o rádio, são esses profissionais que logo lhes recebem e lhes mantém informados.
Eles estão em todos os lugares, entram em nossa casa por meio de imagens, sons ou palavras e nos dão um sonoro bom dia, boa tarde e boa noite. O jornalista nos instiga a questionar e ser questionado, ver além do que é mostrado.
Entre tantos bons profissionais da antiga e da nova safra, reverenciamos Evandro Luiz Souza. Pai de família, amigo, cidadão e jornalista reconhecido entre os colegas como um exemplo de profissional que possui todas as características necessárias para exercer a profissão em que atuou durante 32 anos.
Recém aposentado, ele conta que o “fogo” jornalístico ainda arde em seu interior e que a vontade de estar onde a notícia acontece de saber tudo em primeira mão e ser o intermediário entre o fato e a população pulsam em seu corpo. Seu espírito de jornalista nunca se aposentará.
Querido e lembrado por onde passa, seu primeiro emprego “de carteira assinada” como jornalista foi na TV Amapá, afiliada da Rede Amazônica. Antes era sargento da policial militar na primeira turma formada no Estado do Amapá, mas sempre que ouvia o noticiário radiofônico sentia que ainda não estava no lugar certo, faltava algo, gostava de imaginar as imagens por trás das falas. Foi quando resolveu ouvir essa inquietação interior, deixou a polícia e foi para o Rio de Janeiro, estudar jornalismo.
E para a surpresa de todos, apesar da admiração pelo rádio, escolheu a televisão como seu veículo de trabalho. “Eu ia morar em São Paulo, mas a ideia de contribuir com a comunicação da Amazônia me fascinou e voltei. Fiz muitos documentários sobre a nossa região e matérias comunitárias. Era fascinante entrevistar, gravar, ouvir as pessoas. Escolhi a televisão e ela me deu a oportunidade de desenvolver aquilo que estava no meu íntimo e eu não sabia: o jornalismo. Eu me redescobri, me reinventei”, lembra Evandro Luiz, emocionado.
Um dos maiores orgulhos que carrega é ter visto e contribuído com a história do Estado do Amapá. “Quando cheguei a Macapá, ainda era território federal e acompanhei toda a sua evolução. Vi a instalação do Tribunal de Justiça do Amapá; estive na primeira Sessão presidida pelo Desembargador Honildo Amaral de Mello e Castro; acompanhei a posse do primeiro Presidente do TJAP, Desembargador Dôglas Evangelista; e presenciei a posse do primeiro governador, comandante Annibal Barcellos. Eu estava ao lado da história e em tempo real. Isso me emociona muito”, narra.
E histórias e fatos registrados numa memória impagável não faltam neste meio da comunicação. Outro grande nome do jornalismo amapaense, sinônimo de competência e comprometimento com a notícia é Germana Duarte. Dona de uma gargalhada inconfundível, ela carrega a experiência de mais de 25 anos na profissão e o mérito de sempre ser lembrada pelos colegas quando o assunto é competência e faro jornalístico.
Começou como cinegrafista na TV Equatorial, depois foi para o Jornal do Dia na editoria de polícia. Passou pelo jornal Diário do Amapá, como repórter, atuou na extinta sucursal do Jornal O Liberal logo que este se instalou no Estado, na mesma época recebeu um convite para ir para a TV Amapá, em 1993, como repórter. Foi assessora e coordenadora de comunicação da Prefeitura de Macapá.
Atualmente, esta camaleoa atua na rádio Amapá FM 93.3, onde já exerceu a função de apresentadora, diretora de jornalismo e hoje é repórter. Germana concilia o rádio com a assessoria de comunicação da Câmara Municipal de Macapá. Empenho e amor à profissão não lhe faltam.
“Eu me orgulho de tudo que eu faço, sou apaixonada pela minha profissão. Já fiz muitas coisas que me marcaram e acho que ainda tenho muito a fazer. Nunca tive um processo judicial nesses 25 anos de carreira, tão pouco um pedido de resposta, pois sempre ouvi todas as partes envolvidas. Prezo pelo respeito com a informação, com as minhas fontes e principalmente com o público”, enfatiza Germana Duarte.
Ser jornalista é lidar com uma quantidade imensa de informações, filtrá-las e encontrar a verdade por trás delas, por meio da apuração e do famoso faro jornalístico. Simone Guimarães é uma profissional ciente desta responsabilidade, pois acredita que um dos maiores desafios da profissão é aprender a lidar com as novas possibilidades das redes sociais no jornalismo. Ela enfatiza que existe diferença entre um usuário das redes sociais que traz ou reproduz informações e um jornalista que apura os fatos antes de noticiá-los.
“Nesta nova fase da comunicação, com a entrada das redes sociais, o desafio é aprender lidar com o novo jornalismo. A população tem sede de informação e em poucos segundos um acontecimento já circula na rede. Mas em minha opinião isso é informação, não jornalismo. Com as redes sociais se apresentam novas possibilidades na profissão e o jornalista precisa se capacitar para encarar este novo cenário”, explica Simone.
Seu currículo contém experiências profissionais que contribuíram para o crescimento e moldaram a importante jornalista que é atualmente. Simone teve seu primeiro emprego na Rádio Liberal em Castanhal em 1992, depois foi contratada pela Rede Amazônia para a Rádio Amapá FM, migrou para a TV Amapá onde permaneceu mais de 21 anos. Saudosa e agradecida, ela conta que foi nesta empresa que se capacitou, participou de diversos intercâmbios, produziu reportagens nacionais para o Globo Rural, Bom Dia Brasil, Jornal Hoje e Globo News.
Jornalistas são, em sua maioria, profissionais apaixonados e que convivem com sede de novidades, de informação e de crescimento, e Simone não é diferente. Foi movida por estes sentimentos e vontade de aprender coisas novas que saiu da TV Amapá em junho de 2015, deixando esta “casa” para ganhar uma nova. Casa esta que atualmente é a Secretaria de Comunicação do Estado do Amapá e se em um canto do coração guarda as lembranças adquiridas, em outro já acumula novas e instigantes experiências.
Outro belo exemplo de dedicação e qualidade no jornalismo é Arilson Freires. No primeiro momento aparenta ser um homem sério e sizudo, mas quando chegamos perto percebemos que estas características somam-se à alegria, inteligência e timidez que também norteiam sua personalidade.
Atual gerente de jornalismo da TV Amapá, uma das maiores empresas de comunicação do Estado, ele coordena de forma elogiosa uma grande equipe que leva informação à população amapaense.
Com mais de 20 anos de profissão, Arilson formou-se na Universidade Federal do Pará (UFPA), estagiou em diversos locais e quando voltou a Macapá soube que existia uma vaga aberta na TV Amapá, fez o teste, insistiu, empenhou-se, questionou e lutou pela vaga que após uma semana tornou-se sua. Começou como repórter, foi chefe de reportagem, e teve seu excelente trabalho mais uma vez reconhecido quando recebeu o convite para ser editor-chefe, nomenclatura que hoje corresponde a gerente de jornalismo.
Ao relembrar suas conquistas ele ressalta que uma de suas maiores satisfações foi emplacar uma matéria na imprensa nacional, pois batalhou e buscou esta meta que brilhantemente alcançou. “Hoje as pessoas nos veem e pensam que já nascemos aqui, mas tudo teve um começo para conseguirmos chegar onde chegamos. Levei muitos “nãos”, recusas. Já trabalhei por três meses numa matéria para fazê-la entrar no Jornal Nacional”, diz orgulhoso.
Entre tantos homens e mulheres, meninos e meninas da comunicação amapaense, é claro que há uma infinidade de excelentes profissionais a serem reverenciados e homenageados. Jornalistas que abrem mão dos sábados, domingos e feriados para correrem em busca da notícia. Dar o chamado “furo de reportagem” é o sonho de qualquer profissional da comunicação.
Um sonho que para a jornalista Elyerge Paes aconteceu por influência de diversos fatores, como a identificação pessoal pela redação oriunda dos tempos de colégio e a vontade de mudar o mundo. Sim, os jornalistas também carregam essa pretensão utópica.
“Lembro do exercício que me deu a certeza de que queria contar histórias. Foi quando uma professora pediu para construir uma redação de acordo com figuras que ela nos deu. Achei sensacional! Para ter certeza, realizei um curso de redação jornalística, ministrado, na época, por Renivaldo Costa. Ao final, tive meu artigo publicado no Jornal O Liberal. Depois de ler meu artigo impresso, em um veículo de tanta credibilidade, tive uma grande satisfação. Posso não transformar o mundo, mas tenho certeza que contribuo diariamente para sua melhoria por meio da minha profissão”, diz Elyerge Paes.
Esta profissional de sorriso fácil e agradável simpatia já possui uma estrada considerável no jornalismo, estagiou na TV da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), na Assessoria de Imprensa da UMC e no jornal Diário de Suzano, município de São Paulo. Após concluir sua formação, veio para o Amapá onde trabalhou no Jornal do Dia e na TV Record. E nesta emissora ela teve que encarar o nervosismo durante sua primeira apresentação de telejornal ao vivo. “Minha chefe era a Bernadeth Farias, e com ela não tinha ‘não’ ou ‘não consigo fazer’, ela nos dava a missão e tínhamos que enfrentar o desafio. Eu tomei um calmante para entrar no ar ao vivo”, relembra sorridente.
Em 2009 uma grande oportunidade bateu em sua porta, existia uma vaga na Rede Amazônica no Amapá como apresentadora e produtora do Globo Esporte. Acostumada com os desafios e ciente de seu amor pelo jornalismo agarrou com todas as forças essa chance. Desde então concilia este trabalho com a Assessoria de Imprensa do Conselho Regional de Medicina do Estado do Amapá (CRM-AP).
“A profissão me proporciona satisfações todos os dias. Quando mostramos que um atleta está sem patrocínio, não tem passagens para representar o Estado e ele acaba recebendo apoio depois que exibimos sua história no Globo Esporte, eu vibro muito. Como apresentadora do Globo Esporte consigo ajudar muitas pessoas na construção de seus sonhos. E isso não tem preço”, finaliza.
Alguns profissionais atuam em diversos veículos de comunicação até “acharem” o que mais se identificam. Existem aqueles que não possuem preferência, gostam de todos, mas há outros que logo encontram seu lugar. Este é o caso de Dulcivânia Freitas.
Uma jornalista muito querida no meio em que atua e que encontrou sua satisfação pessoal na assessoria de comunicação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Formada em jornalismo pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), começou sua carreira em Belém onde permaneceu por 10 anos.
Dulcivânia é realizada profissionalmente, se identifica com o local de trabalho e ama o que faz. A comunicação é sua paixão e o encanto pela assessoria institucional surgiu pelas possibilidades que este desafio proporciona não somente quanto à prática jornalística, mas também no gerenciamento de equipes, planejamento e estudos sobre a comunicação.
Doce não somente no nome, mas no trato com as pessoas, esta profissional possui uma visão muito ampla do que é ser jornalista. “Temos que ter a consciência de que não somos meros operários, somos construtores de relações sociais, de produção de significados, que necessariamente tem que ser um construtor de desenvolvimento. Não é só escrever um bom texto, isso é imprescindível, mas é a contribuição para melhorar o Amapá”.
E em meio a tantos profissionais que carregam anos de experiências, há espaço também para os novos jornalistas, “sangue novo”, novos olhares e vontade de inovar. Assim é Jessica Alves, uma menina de apenas 25 anos que sempre gostou da profissão de jornalista, se identificava com os textos das revistas semanais, a exemplo da Isto É, Época, Veja, e assistia muitos telejornais. Tudo a encantava. Em 2008 iniciou sua jornada acadêmica.
Apesar da pouca idade, trabalhou em diversos veículos de comunicação como nos impressos A Gazeta, Extra Amapá e Jornal do Dia. Passou pela experiência de atuar na TV Equatorial e em 2015 começou a trabalhar como repórter do portal de notícias G1 Amapá, onde permanece até hoje.
Jéssica conta que a profissão possui suas dificuldades, inclusive a financeira, pois segundo ela o jornalista amapaense recebe um dos menores salários do país, mas quando o amor é verdadeiro, esses obstáculos podem ser vencidos.
“Continuo na batalha pelo jornalismo porque vejo o potencial que a profissão desenvolve para a sociedade e particularmente falando, sou feliz em atuar como jornalista. Um dos grandes prazeres é poder descobrir histórias, informar a sociedade, se emocionar com relatos, se indignar com denúncias e sofrer com as tragédias. O legal da profissão de ser repórter é poder viver intensamente”, enfatiza Jéssica Alves.
Para a Presidente do Sindicado dos Jornalistas do Amapá (Sindjor), Denyse Quintas, ser jornalista é desafiador. “O mercado de trabalho para jornalistas no Amapá não tem tido expansão, e muitos jornalistas formados tem encontrado dificuldade no ingresso ao restrito mercado. Há também a concorrência de profissionais de outras formações, já que a lei que determina exclusividade para graduados em jornalismo ainda tramita na Câmara dos Deputados em Brasília”, conta.
Mas ela é otimista e acredita nas novas e múltiplas oportunidades que as redes sociais podem trazer aos jornalistas.
“O jornalista é acima de tudo um verdadeiro “expert” na arte de inovar. Um mestre ou até doutor na prática de idealizar o futuro profissional”, conceitua a Presidente do Sindjor.
Pela vontade de estar entre os fatos, pelo impulso de registrar tudo, o temor da dúvida, a busca incessante pela informação e pelo amor a profissão, dedicamos nossa mais admirável Reverência a todos os jornalistas do Estado do Amapá.
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