Nossa Reverência aos Assessores Jurídicos da Presidência do TJAP
- Macapá, 24 de fevereiro de 2017-
Quatro vidas marcadas por histórias de superação, dedicação e competência. Com o respeito e a admiração de magistrados, servidores, amigos e familiares, Sônia Ribeiro, Amanda Prado, Sanhir Gomes e Daniel Calderaro têm em comum o compromisso e a maturidade no exercício da função que desempenham. O Tribunal de Justiça do Amapá reconhece os seus esforços, empenho, especial inteligência e presta uma merecida reverência por todo o excelente serviço dispensado à instituição e, de consequência, à sociedade.
Amanda Prado Caldas de Castro
A simpática e carismática Amanda Prado Caldas de Castro, nascida na cidade de Breves, interior do Estado do Pará, veio com sua família para o Amapá em 1988, quando ainda tinha apenas oito anos de idade. Ela é a filha caçula do casal Itamar Lopes Caldas e da senhora Idalina Prado Caldas.
A chegada da família ao Amapá aconteceu em decorrência de uma proposta de trabalho como feirante que o pai recebeu na capital do Estado. Para sustentar a família, ele montou uma barraca na feira na Avenida 1º de Maio, bairro Buritizal. Sua mãe que cuidava dos filhos e da casa, sempre se dedicou a orientar as filhas para os estudos, sendo seu desejo que todas concluíssem a educação superior.
“Meus pais são um exemplo de amor e doação, pois conseguiram educar sete mulheres com poucos recursos, formando pessoas de bem. A eles toda honra e admiração”, disse referindo-se ao amor dedicado pelos pais à família.
Os estudos iniciaram ainda na região de Breves, mas foi em Macapá que deu continuidade a sua formação. Sempre estudou na rede pública, começando pela Escola de Ensino Fundamental Grupo Amapá, depois passando pelos Colégios Santina Rioli e Alexandre Vaz Tavares.
“Quando minha mãe foi atrás de uma vaga no Santina Rioli ela encontrou certa dificuldade no início. A escola era muito bem conceituada, para entrar era preciso fazer um teste de aptidão. Como tínhamos vindo do interior do Pará a coordenadora acreditava que eu poderia não me adaptar aos estudos”, recorda.
Mas esta barreira não a impediu de se sobressair e mostrar seu grande potencial. Ao final do ano letivo a diretora da escola chamou a mãe de Amanda para pedir desculpas, porque suas notas sempre foram excelentes, a dedicação era seu carro chefe. “Minha redação sempre colocavam em destaque no mural da escola”, comenta com satisfação.
Logo depois desse período de estudos começou a pensar na formação superior que gostaria de exercer. Ela lembra que sentiu dificuldade para escolher a área de atuação. Sempre foi uma aluna que gostava de todas as disciplinas, pensou em matemática, medicina e até ciências biológicas.
Mas os rumos da vida a guiaram para a área jurídica. Formou-se em Direito no Centro de Ensino Superior do Amapá (CEAP) em janeiro de 2006. Lá se encontrou profissionalmente. A inspiração veio de uma de suas irmãs que atuava na profissão e mostrou-lhe que a escrita e o contato com as pessoas faziam parte da carreira, coisas que Amanda muito apreciava.
“Para mim quem faz Direito primeiramente precisa gostar de pessoas, porque o contato no dia a dia com o ser humano são frequentes. Com o exemplo da minha irmã eu percebi que poderia seguir essa área e foi aí que a história começou a se desenhar”, relembra entusiasmada.
Oriunda de uma família de poucos recursos materiais ela lembra que sua única opção e de suas irmãs era o de crescer e prosperar por meio dos estudos. “Quando iniciei na faculdade surgiu em mim essa luz de que precisava trabalhar para pagar os meus estudos. Eu estagiei em vários lugares nesse período. O primeiro lugar foi o TJAP, depois passei por um escritório de advocacia e também na Justiça Federal”, conta.
Foram anos de muito aprendizado, e as experiências que obtinha com o passar do tempo lhe ajudavam a construir sua identidade profissional e pessoal. Ela sempre optou por fazer concurso público. Virava noites estudando para obter os melhores resultados. E não demorou muito até que eles começaram a aparecer.
Como estagiária no TJAP atuou no antigo Juizado Central, onde trabalhou por um período de dois anos. Iniciou em 2002 quando estava no segundo ano de Direito da faculdade. “Havia cerca de 100 audiências todas as tardes, era sempre muito movimentado. As servidoras Nazaré Coelho e Darlene Barbosa foram minhas chefes na época”, lembra com saudades dos momentos que passou por lá.
Dos concursos que participou alguns teve êxito e outros não, mas as desaprovações nunca lhe abalaram a ponto de desistir, ao contrário, a incentivavam a ser mais e melhor. Quando fez a prova para o TJAP foi aprovada nos municípios de Laranjal do Jari, Mazagão e Macapá. Primeiramente foi chamada para Laranjal, mas decidiu não assumir porque não queria atrapalhar os seus estudos. Naquele momento resolveu ficar na Policia Militar, onde foi aprovada para a carreira policial, nessa época ela estava no 6º semestre de Direito.
A vida foi tratando de costurar os acontecimentos futuros e mostrando a ela as melhores escolhas a seguir. Na PM atuou por apenas dois meses, até que o resultado do concurso do TJAP para Macapá saísse, sendo ela convocada para a capital. Em 2004, com muita alegria, iniciava sua trajetória dentro do Judiciário do Amapá.
Em 2008, após 4 anos de atuação, Amanda participou de um concurso interno no TJAP para o cargo de assessor de juiz. Foi aprovada como 2ª colocada no certame. Nesse momento despertou a atenção da magistrada Sueli Pini, que se lembrou da jovem da época que estagiava no Juizado Central. Aquela oportunidade que acolheu tão nova de aprendizado possibilitou que pudesse mostrar à então juíza à época a confiança em seu trabalho.
“Foi um tempo muito bom, vários aprendizados adquiri naquela época. A desembargadora Sueli sempre foi muito acessível, mesmo na condição de estagiário nós tínhamos o livre acesso a ela, lembro da alegria dela quando nós chegávamos com um acordo para homologar”, relembra.
Para ela também foi um período de grandes amizades, onde teve a oportunidade de conhecer acadêmicos de outras instituições e fazer muitos amigos. Hoje alguns de seus colegas seguem na advocacia e em outros ramos do Direito. “São pessoas que levamos para a vida toda, muitos aprendizados e amizades nesse período se fortaleceram com o tempo”, destaca.
Com 12 anos de Tribunal de Justiça, destes oito na assessoria jurídica da Desembargadora Sueli Pini, ela se lembra das oportunidades que obteve durante a vida e os aprendizados adquiridos com o tempo. “Aprendi com ela que por trás do papel há pessoas, muitos sentimentos, por isso, toda demanda é única e precisa da melhor entrega jurisdicional e esta é possível quando é rápida e justa, para isso não podemos pensar o direito como algo estático, mas dinâmico, sendo você o instrumento de transformação, sem medo, com ousadia e responsabilidade. Por tudo agradeço sempre”, ressalta.
A fé sempre foi determinante para Amanda, que tem forte crença em Deus e isso sempre a fortalece para os desafios que tem de enfrentar. Ela cita uma passagem de Romanos (8:28) que tem muito significado para a sua vida “Que tudo concorre para o bem dos que amam a Deus”.
Sua fé serve de guia para enfrentar e vencer os desafios. “Esse é o meu canto, seja na alegria, na abundância, na dor ou na tribulação, o importante é estar com o Senhor, pois tudo o que Ele permite é para o nosso bem, eu creio”, completa.
Amanda diz que já teve muitos sonhos profissionais, estudou bastante, e tudo que hoje conquistou foi Deus lhe abençoando pelos estudos. Seu maior desejo é continuar sempre a exercer seu ministério de pregação, ajudando e trabalhando almas para o Senhor, juntamente com sua família e seus irmãos do Grupo de Oração Ágape da Renovação Carismática Católica, onde faz parte.
Seu esposo, Raudir Rafael Lobato de Castro, com quem é casada há 4 anos e tem uma filha chamada Ana Luísa, de 2 anos, sempre está ao seu lado. Tem uma família fortificada que lhe serve de sentido e estímulo para a vida. “A minha família é um presente do céu, tanto a originária como a que constituí com o Raudir, e peço a Deus que a proteja sempre e nos mantenha sempre unidos em qualquer circunstância”, declarou sobre sua família.
Sanhir Cesar de Sousa Gomes
Macapaense da gema, Sanhir Cesar de Souza cresceu com a família no bairro Perpétuo Socorro, antigo Igarapé das Mulheres. Nasceu dentro de casa, de parto natural. A mãe, professora Elvira de Souza Gomes, lhe ensinou o valor das coisas simples e a importância da educação para a obtenção de uma vida promissora.
Em sua casa moravam os pais e mais quatro filhos e Sanhir é o primogênito dos irmãos. Os pais são de regiões interioranas do Estado do Pará, mas chegaram a Macapá ainda muito novos.
O pai, senhor Sebastião Pereira Gomes, veio com apenas cinco anos para a capital, estudou até o ensino fundamental, mas o trabalho sempre foi sua necessidade de vida, atuando como marceneiro e sempre dando a devida atenção à criação dos filhos.
“Em Macapá ele fundou uma empresa de movelaria que tinha o nome da minha irmã, Elva Móveis. Eu cresci nesse mundo com o meu pai. Meus irmãos foram todos para Belém estudar ainda jovens, mas eu quis ficar com ele trabalhando”, lembra.
Sanhir contou com os melhores exemplos em casa, pois os pais que sempre foram seu grande alicerce cresceram na vida partindo do zero. Eles construíram um patrimônio juntos, enquanto o pai crescia em decorrência do trabalho, a mãe conquistava através do estudo. Juntos proporcionaram uma vida digna e justa aos filhos. “Até hoje então casados, nossa família é muito bem estruturada”, enfatizou com orgulho.
Sua educação passou pelas escolas Azevedo Costa, Augusto dos Anjos, SESI e CCA. Seguindo os exemplos do pai começou a trabalhar muito cedo quando ele comprou uma loja de tintas para carros e o responsabilizou de cuidar dos negócios. Com apenas 14 anos o jovem Sanhir assumia a responsabilidade de cuidar de uma empresa.
Mas a pouca idade não o tornou menos apto para a função, ao contrário, sempre observador e consciente do trabalho e dedicação do pai, sabia que se seguisse os ensinamentos e exemplos do genitor, conseguiria sucesso em qualquer empreitada.
Na empresa ele teve muitos aprendizados e lá trabalhou até os 18 anos quando o pai decidiu vender a loja. Nesse momento o jovem ficou meio perdido com o rumo que daria a sua vida. Seguindo os conselhos da mãe ele decidiu procurar nos estudos novas possibilidades de crescimento profissional.
“Eu fiz um ano de cursinho e na hora de fazer a inscrição para o vestibular verifiquei qual era o curso mais concorrido, era direito, então foi a minha escolha. Não fui aprovado de primeiro, eu era o número 54 e eram somente 50 vagas”, explica.
Mas nem tudo estava perdido, o destino cuidaria de colocar tudo nos trilhos. Logo veio a boa notícia, com a desistência de outros aprovados, Sanhir obteve a oportunidade de entrar para cursar Direito na Federal do Amapá.
Na Universidade, ele obteve várias alegrias, conheceu pessoas decisivas para sua vida e começou a trilhar os caminhos que o levariam ao sucesso profissional e pessoal.
“Tive a honra de conhecer a Juíza Gelcinete Lopes antes da magistratura. Nós cursamos Direito juntos, ela sem dúvida alguma foi uma inspiração para minha vida, porque sempre foi muito estudiosa e isso me deu o impulso para insistir nos estudos”, relembra.
Também teve a oportunidade de ser aluno do Desembargador aposentado Mário Gurtyev de Queiroz, que ministrava a disciplina de Teoria Geral do Processo, e durante todo o seu período de academia foi um grande incentivador de sua carreira, contribuindo para que se tornasse um profissional competente.
“No final da disciplina ele chamou dez alunos que haviam se destacado com as melhores notas para dar um incentivo nos estudos. Eu estava entre esses alunos e para mim foi um momento especial, porque eu percebi que poderia seguir em frente e que meus sonhos se realizariam se eu tivesse empenho e dedicação”, lembra emocionado.
Depois de formado em 1996 e já aprovado na OAB, teve sua primeira experiência de trabalho na Assessoria Jurídica da Secretaria de Saúde do Estado. Lá trabalhou pelo período de um ano e oito meses, mas resolveu mudar, arriscar e através do convite da amiga Gelcinete, mudou os seus rumos.
“Naquela época o Desembargador Mário Gurtyev precisava de assessor jurídico e ela me recomendou para trabalhar com ele. Eu assumi no dia 1º de abril de 1999. Ele me disse que eu faria apenas relatórios e pesquisas inicialmente, mas depois de 3 meses eu já estava fazendo bem mais que isso”, conta.
Com 18 anos de trabalho no TJAP, Sanhir recorda dos primeiros aprendizados e dos momentos que marcaram sua carreira. “Nunca vou esquecer da minha primeira minuta de HC que veio com um xis de caneta vermelha do Desembargador Gurtyev. Ele começou a me explicar como deveria fazer corretamente. Após essa primeira orientação eu fui buscando me aprimorar cada vez mais”, revela.
“Ele me explicou que fazer uma minuta era escrever como se estivesse conversando. Mostrou-me como deveria ler e várias outras coisas também. Eu percebi que quando ele explicava já dava tudo mastigado, então eu comecei a gravar as conversas e de lá eu já tinha metade do caminho andado”, lembra.
Depois de muito tempo de convivência ele relata que acabou incorporando a forma de escrever do Desembargador Mário Gurtyev. Nesses anos muitas circunstâncias marcaram sua vida. Sanhir não esquece do primeiro processo criminal que precisou fazer e nem do primeiro voto completo que minutou, casos que ajudaram na construção do excelente profissional que se tornou.
Quando a magistrada Sueli Pini substituiu o Desembargador Mário Gurtyev, ela o convidou para permanecer trabalhando na sua equipe. Sanhir destaca a serenidade e equilíbrio que a magistrada tem e no que isso reflete na relação pessoal e de trabalho entre os servidores que trabalham com ela.
“Certa vez trabalhei em um processo que envolvia o estupro e homicídio de uma criança. Eu falei para ela que aquilo havia me tocado muito e eu nunca me senti tão mal fazendo um processo, ante a crueldade do fato. Ela conversou comigo e me mostrou que aquela minha sensibilidade era um importante atributo, me deixando mais seguro para lidar com casos como aquele”, reforça.
Quando a Desembargadora Sueli Pini assumiu a presidência do TJAP em 2015 ela levou todos seus assessores do gabinete para trabalhar na gestão. Sanhir teve certo receio porque nunca tinha trabalhado com processos administrativos, mas os dois anos de trabalho ao lado dela foram um período de muito aprendizado. Cada oportunidade para renovar seus conhecimentos foi bem aproveitada e ele sempre foi motivado a fazer o melhor em seu trabalho. Nunca temeu mudanças.
Sanhir lembra os desafios e as abdicações necessárias para que pudesse alcançar a experiência profissional que hoje se orgulha de ter. “Nós passamos maior parte do tempo no Tribunal, para ter uma ideia na época que eu trabalhava com o Desembargador Mário Gurtyev eu optei por não ter filho, pois entendo que pai e mãe precisam estar presentes durante a criação e nessa época eu saia todos os dias com processos sob os braços para resolver em casa”, comenta.
As poucas folgas e o grande volume de trabalho mostram o quão envolvido com o trabalho um assessor jurídico precisa ser. Sempre dispostos a resolver as demandas, eles dedicam com afinco a essa missão repassada a eles. “A exigência do trabalho é muito grande, mas quando você faz com empenho tudo se torna mais fácil. Sou extremamente feliz de trabalhar todos esses anos aqui e me orgulho do que aprendo todos os dias”, lembra.
O tempo, a convivência e o respeito fizeram com que a companhia diária dos amigos de trabalho se tornasse um ambiente verdadeiramente familiar. As lições aprendidas um com o outro fortalecem a relação e alimentam o respeito mútuo.
Sanhir tem um grande amor pela mulher Roseana Maria de Medeiros Dantas, que há 15 anos está ao seu lado, assim como a filha de um ano e dois meses, Hannah Maria, que virou a estrelinha da casa, trazendo cada vez mais alegria para a vida deste homem de coragem e determinação.
Sônia Regina dos Santos Ribeiro
Natural de Macapá, Sônia herdou do alfaiate Vicente Valdomiro Carvalho Ribeiro (conhecido por todos como Vadoca), e da professora Odinéa dos Santos Ribeiro, os valores da honestidade, obediência, hierarquia e respeito ao próximo.
Hoje, com 43 anos de idade, ela inspira a todos com suas histórias de batalha e devoção à vida. Cresceu ao lado dos sete irmãos no bairro do Trem, Zona Sul da capital, um dos mais antigos da cidade. A caçula entre as mulheres da família, formou sua personalidade forte e de caráter irretocável com um olhar dedicado ao seu semelhante.
A família de origem humilde sempre batalhou em comunhão. O legado que sua mãe deixou para ela e os irmãos regado à solidariedade e honradez marcou suas vidas. “Ela nos ensinou a ser solidários e justos, sempre procurou dividir tudo dentro de casa, do alimento à criação. Fomos talhados de forma muita rígida, mas muito respeitosa, com valores sociais e principalmente com o pensamento de ajudar o próximo”, lembra com orgulho.
E foi na mãe que encontrou a grande referência de sua criação. Dona Odinéa lutou todos os dias para criar os filhos com a cultura do estudo. Para a sua felicidade todos conseguiram alcançar o curso superior. “Ela já é falecida, mas teve a felicidade de participar de todas as formaturas dos filhos. Tenho irmãos formados em diversas áreas, engenharia florestal, magistério, assistência social, administração e direito”, comenta Sônia.
O pai, além do trabalho de alfaiataria também foi jogador de futebol. No campo da Praça Nossa Senhora da Conceição, bairro do Trem, o berço do surgimento de vários jogadores de futebol amapaense, ele e os irmãos de Sônia marcaram a história do esporte local.
A conhecida partida de futebol “Solteiros e Casados”, que há 66 anos faz parte da vida dos moradores da zona sul, contou com a contribuição de Vadoca, uma referência para todos os parentes e amigos. Para Sônia, o pai que hoje tem 84 anos tornou-se história viva da cidade.
Com boas referências em casa, tanto dos pais quanto dos irmãos mais velhos, a menina Sônia desde muito nova foi uma pessoa voltada aos estudos. Disciplinada em seus objetivos e com a determinação certa de mostrar com o seu trabalho o que sua mãe lhe repassou, correu atrás de seus sonhos e não baixou a cabeça para as dificuldades.
Estimulada pela história de vida de sua mãe, escolheu fazer o seu primeiro curso superior na área de educação. Formou-se em 1995 na Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) no curso de Letras. Depois de formada mantinha o desejo de seguir o magistério semelhante a sua progenitora. Mas a vida foi mostrando outros caminhos e ambições e ela topou todos os desafios antes de entrar na sala de aula.
Logo que o Território do Amapá tornou-se Estado ela foi aprovada em diversos concursos públicos: TJAP, Tribunal de Contas e Assembléia Legislativa. Nesse momento Sônia teve certeza da sua escolha: o Judiciário, local que lhe traria muitas felicidades e realizações profissionais.
Sônia iniciou sua carreira na Justiça do Amapá no dia 25 de outubro de 1993. “Quando iniciei no Tribunal de Justiça enfrentei um dilema muito grande, na época eu ainda estava fazendo faculdade de letras. Como todos os meus irmãos mais velhos já tinham a formação superior, para mim além de uma meta era um sonho”, destaca.
Ingressou primeiramente na 3º Vara Criminal de Macapá, onde atuou por 30 dias com o Juiz João Bratti. Depois seguiu para o município de Ferreira Gomes, onde auxiliava o magistrado Reginaldo Andrade nas audiências da Comarca.
Durante um período em que os servidores precisaram sair do município, Sônia ficou sozinha cuidando de todos os serviços da Vara Única. Nessa época o Juiz Adão Joel estava à frente da Comarca. “O Juiz Adão foi um anjo nesse início da minha carreira, porque eu estava no final do meu curso e precisava conciliar os dois, tanto ele quando os meus professores foram muito generosos comigo”, definiu.
Na capital, trabalhou inicialmente na Câmara Única do TJAP com o Petrus Soares, então diretor do Departamento. Logo depois passou pela Diretoria Geral do antigo “Tjapinho”, e nesse período participou da mudança para a sede atual do TJAP.
Após essa trajetória, em 1988 foi transferida para o Juizado Especial, que ainda estava em seu período de instalação. “Comecei no Juizado fazendo audiências, depois passei para as conciliações onde levava os acordos direto para o juiz homologar. No setor onde eu ficava, enquanto o magistrado se alternava em diversas salas, já conversava com as partes para conseguir composições”, relembra Sônia.
“Foi nesse período que tive o primeiro contato com a conciliação e a mediação. Comecei um trabalho na Justiça Itinerante Terrestre e ajudei o Judiciário a conduzir as ações nas escolas, lá conseguimos implantar o Programa Justiça Preventiva na Escola que foi vencedor de menção honrosa no primeiro prêmio INNOVARE”, conta.
As práticas de mediação se tornaram sua grande paixão dentro do Judiciário. Sua primeira formação na área aconteceu nos anos 2000, quando percebeu que deveria aprimorar seus conhecimentos nessa prática. Ela foi em busca da primeira formação na Associação Latino Americano em Metodologia do Direito, onde obteve conhecimento com o professor Luis Alberto Warat, um dos precursores da Mediação no Brasil.
Isso incentivou o seu lado criativo. Chegou então ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para se capacitar não só em conciliação, mas também na instrutoria de mediação. Sônia conseguia nesse momento realizar um dos maiores desejos de sua vida: mesclar a docência com seu trabalho no Judiciário. “Eu sou apaixonada pela docência, porque eu vejo nela a forma que você tem de contribuir para as pessoas conduzirem suas vidas pelo caminho acadêmico, do ensino e da aprendizagem”, explicou.
Após o período de formação no CNJ, Sônia assumiu o cargo de secretaria do então recém-criado Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Resolução de Conflitos (NUPEMEC). Desde então investiu e aprimorou seus conhecimentos para oferecer o melhor serviço ao usuário da Justiça.
Atuou na Justiça Itinerante, em jornadas diárias para os bairros da capital e também nas jornadas fluviais a cada bimestre, sempre levando o trabalho de conciliação por onde passava.
A vivência com as práticas de mediação e conciliação com a população lhe incentivaram a trilhar os caminhos do Direito. A vida foi mostrando a trajetória que devia percorrer e lhe fez agregar experiências cada vez mais frutíferas. Iniciou o curso de Direito no Centro de Ensino Superior do Amapá (CEAP), formando-se em 2008. Encontrou-se completamente na docência do ensino superior. “Percebi que eu poderia agregar minha primeira ideia de ser professora com o bacharelado em Direito”, afirmou.
Antes mesmo de concluir o curso, ainda no 8º semestre, foi aprovada no exame da Ordem dos Advogados do Amapá (OAB-AP). Já formada, começou a lecionar da Faculdade de Macapá (FAMA), onde até hoje é educadora.
“A minha formação em Direito se deu por inspiração ao trabalho que desempenhava, pois tinha necessidade de ter uma formação em Direito para dar melhor vazão ao trabalho que desenvolvíamos no Juizado”, explica.
“Isso me trouxe um alento muito grande, porque a partir do momento em que você vê todos os seus sonhos realizados a gratidão é muito maior. Hoje nós já estamos instalando os nossos centros Judiciários, assim como a sala do NUPEMEC que sedimenta todo aquele trabalho desenvolvido por nós lá atrás”, relata alegre e satisfeita.
Essa vida de ensinar e aprender com as pessoas faz parte da personalidade dessa laboriosa mulher. Ela aprofundou ainda mais seus estudos fazendo várias pós-graduações, nas áreas de Educação Inclusiva, Direito Penal e Processo Penal.
“A capacidade de lidar com o público e resolver os pleitos dessas pessoas foram os Juizados Especiais e a Justiça Itinerante que me deram. Aquela rica experiência me possibilitou o contato com as várias matérias do direito e me ajudou muito na hora do trabalho”, comentou.
No período da gestão da Desembargadora Sueli Pini na presidência do TJAP, além do trabalho jurídico, a assessora também atuou em processos administrativos e na vertente das políticas de gestão. Sônia conta que muitas vezes precisou fazer articulações políticas para conseguir convênios e acompanhar as cooperações técnicas que o Tribunal desenvolveu.
“Foi um trabalho desafiador, com dois anos de árdua atuação. Saio daqui com muito aprendizado porque aprendi muito com essa parte da gestão pública que era algo que não tinha ainda vivenciado tão plenamente”, comentou.
“Algumas vezes eu era convencida pelos meus colegas que minha linha de raciocínio na argumentação precisava ter outros elementos. Dessa forma conseguíamos produzir um bom parecer que pudesse dar à presidência do Tribunal o fundamento jurídico necessário às suas decisões”, relata. “Precisamos estar em constante estudo, pois as decisões dos Tribunais Superiores se alteram constantemente”, completou.
Sônia possui desde muito nova o dom da escrita, um dos prazeres de sua vida. Durante as viagens da Justiça Itinerante escreveu contos das experiências que vivenciou nessas práticas e hoje mantém o desejo de lançar um livro com essas histórias, além de produzir outro na área de mediação.
A mulher que nas horas vagas gosta de praticar vôlei, correr, escrever poesias e tocar violão, ainda sonha em ajudar o Tribunal a expandir a política de conciliação e ver o Amapá como um lugar mais pacífico, com seus cidadãos resolvendo os conflitos pela via da conciliação.
Suas múltiplas funções também se misturam a uma outra paixão: o rádio. Sônia Ribeiro, desde maio de 2015, colabora com o programa radiofônico Conciliando as Diferenças, transmitido todas as quartas-feiras, no horário das 17 às 18 horas, pela Rádio Universitária 96.9FM.
Alegre, determinada e muito produtiva, por onde passa Sônia leva o seu espírito comprometido para fazer sempre o melhor serviço. “Eu sempre fiz meu trabalho com o pensamento de levar a Justiça cada vez mais para frente. Sinto-me feliz de ter participado do crescimento do TJAP e vou continuar aqui até minha aposentadoria. Essa é minha casa, gosto do trabalho que desenvolvo e tenho satisfação pessoal e profissional por exercer minhas funções”, define entusiasmada.
Daniel Calderaro Brito
O paraense de 37 anos, filho de Heriberto Calderaro Brito e Rosangela da Conceição Cruz Brito, paizão amoroso e cuidadoso das meninas Camila, Mariana e Sofia, amigo e companheiro leal da esposa Jane Mendonça Moraes Calderaro, Daniel Calderaro Brito é o membro mais novo na equipe de assessores jurídicos da presidência do TJAP. Mas, a pouca idade não o deixa atrás, pois ele já traz nas costas anos de experiência e um excelente compromisso com o trabalho.
Toda sua formação até o curso superior foi no seu Estado de origem. Fez o primário e o ensino fundamental no Colégio São Paulo, segundo grau no Colégio Ideal e o superior em Direito fez na UNAMA, onde se formou em 2002.
Foi em Belém que também iniciou sua trajetória de trabalho. Logo após conquistar sua aprovação na OAB, ele advogou em dois escritórios de advocacia, adquirindo conhecimentos e a experiência necessários para construir o profissional que é hoje.
Atuou também no Departamento de Trânsito do Pará, em diversos setores. Trabalhou na corregedoria da Secretaria de Educação do Pará.
Daniel recorda que quando cursava o primeiro ano do 2º Grau pensava em cursar Odontologia, seguindo os passos do pai seu grande exemplo de vida, mas o destino se encarregou de mostrar o caminho de sucesso que deveria seguir e foi por meio de um teste vocacional que os caminhos do Direito se apresentaram à sua frente, e então começou a focar seus estudos na área jurídica.
Logo que fez o vestibular obteve aprovação na primeira tentativa. Não poderia estar no lugar mais certo, pois a identificação profissional era notória. “Logo no primeiro ano me identifiquei com os estudos e decidi ficar até concluir a formação”, relembra.
Em janeiro de 2007, Daniel chegou a Macapá com sua esposa, e lá se vão 10 anos em terras tucujus, de aprendizado, de vivencia feliz e de grandes oportunidades. Sua chegada foi motivada pela posse de sua esposa como servidora da Comarca de Serra do Navio, em 2007. O casal morou no município por 2 anos e 3 meses.
“Nós havíamos acabado de casar e tínhamos saído para a lua de mel quando recebemos a notícia. Não deu tempo nem de voltar a Belém, partimos direto para Macapá e logo pegamos um ônibus rumo à Serra do Navio”, conta.
Depois de seis meses morando em Serra, Daniel foi convidado para ser o tabelião no Cartório de Pedra Branca do Amapari. Lá ele ficou até sua esposa conseguir sua remoção em 2009 para Macapá. Ele decidiu deixar a serventia extrajudicial onde atuava e foi nesse momento que foi convidado para atuar na assessoria jurídica do Desembargador Raimundo Vales, ficando certo período até ir trabalhar com Desembargador Luiz Carlos, com quem esteve até sua aposentadoria, em 2014.
Nesse tempo aguardava o resultado do concurso do TJAP. Foi aprovado e no mesmo ano foi chamado. Da época que trabalhou com os Desembargadores Raimundo Vales e Luiz Carlos trouxe grandes experiências e pôde colher aprendizados para sua vida profissional.
“O Desembargador Raimundo Vales sempre me deu total liberdade para trabalhar, até a forma de devolver o meu trabalho era sempre muito sutil. O Desembargador Luiz da mesma forma, sempre confiou no meu serviço e isso fez com que eu ganhasse confiança para desempenhar meu trabalho”, lembra.
Daniel sempre foi humilde na hora de aprender o que não sabia. Quando precisava, os colegas de serviço sempre deram orientação e ele aproveitava ao máximo estes ensinamentos valiosos. “O Sanhir foi umas das pessoas que me ajudou muito, na parte criminal onde ele domina com total conhecimento. Muitas vezes me orientou para que eu pudesse aprender da melhor forma”, explica, revelando seu sentimento de gratidão para com o colega de trabalho.
O servidor é lotado na presidência do TJAP, e hoje atua na parte judicial do setor a convite da presidente Sueli Pini. Ele conta que o bom humor dela é um grande destaque em sua rotina de trabalho. “A desembargadora sempre está sorridente e trata todos com muita dignidade. Com ela não existe temores por estar tratando com uma autoridade. Ela consegue quebrar totalmente o gelo com suas atitudes e ações. Ela não cria barreiras para o contato com outros”, relata.
Além de um excelente servidor, Daniel é um pai dedicado e preocupado com suas filhas. As três meninas nasceram com asma e precisam de uma maior atenção dos pais. Para isso, Daniel dedica todas as suas horas vagas para dar atenção às suas meninas e não se arrepende nem um minuto por abrir mão de tudo para oferecer saúde a elas.
“Fico até meu horário de expediente e chego em casa já com atividades para elas. As minhas folgas no trabalho são ao lado das minhas filhas. A vida passa tão rápido e é importante apreciá-la da melhor forma. Tem horas que precisamos pensar mais na família do que apenas no lado financeiro. Estou ganhando muito com as meninas”, diz alegre e cheio de energia.
Ele fala que as filhas o acompanham na hora de buscar a mãe no trabalho no final do expediente. O momento de reencontro diário da família é sempre motivo de festa para as garotas. Talvez elas não saibam ainda, mas são a grande motivação dos pais, seu amor e carinho. Suas simples presenças os tornam mais completos e determinados a enfrentar os obstáculos que a vida impõe todos os dias.
Sua mulher, grande companheira na vida, também é servidora do TJAP, trabalha no setor de Precatório da instituição. Ambos se ajudam nas missões diárias e ela é uma força fundamental para o grande homem que Daniel se tornou.
Humanidade, fraternidade, determinação e companheirismo são adjetivos que aglutinados representam bem estes servidores que aqui são reverenciados. São pessoas que provam que podemos e devemos ser bem mais que nosso ofício, agregando ao trabalho valores extraídos não somente do que se produz como servidores, mas, também, do que trazemos do seio familiar.
Sônia, Amanda, Sanhir e Daniel, nosso absoluto respeito por toda dedicação ofertada à Justiça do Amapá. Suas histórias são admiráveis e todos são fontes de muito orgulho. Por toda a entrega e competência, prestamos-lhes A NOSSA MAIS HONROSA REVERÊNCIA.
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