Nossa reverência ao servidor Enilson de Almeida

       - Macapá, 05 de agosto de 2016-

Disponibilidade e generosidade são marcas deste ser humano que transpôs inúmeras barreiras de diversidades e sempre buscou criar pontes firmes de amor e confiança entre os amigos e colegas de trabalho. Enilson Evangelista Souza de Almeida, do Departamento Financeiro do TJAP, atende a todos com presteza e educação. Sempre atento e disponível para o trabalho, é admirado por quem convive com ele, por esbanjar força de vontade e cordialidade por onde passa.

O jovem cresceu no bairro Perpétuo Socorro, uma região considerada muito violenta na capital do Amapá. Ele conta que na época não havia muitas expectativas para as crianças que moravam lá. As referências mais próximas eram a criminalidade e as drogas. Mas ele não se permitiu chegar perto deste mal.

“Minha mãe sempre foi o pilar da casa. Ela não pôde dar toda a estrutura material que a gente precisou, mas nunca deixou faltar o essencial. Trabalhou como doméstica, lavadeira, faxineira e até camareira em hotéis. Ela saia de manhã e só voltava de noite quando a gente já estava dormindo, quem cuidava dos irmãos menores nessa época era eu”, relatou.

Hoje com 35 anos de idade, Enilson mora no bairro do Trem com a mulher, Ana Luiza do Nascimento e o enteado João Marcos. Ele conta um pouco de suas lembranças de juventude e as batalhas que venceu para alcançar seus objetivos de vida.

“Mesmo com uma vida simples e com as responsabilidades que começavam a aparecer, eu aproveitei muito bem a infância. Gostava de brincar de futebol na rua com os amigos e isso era uma das maiores felicidades da molecada, ter um espaço livre para a diversão”.

Houve momentos em que arrumou algumas confusões nas ruas, mas diz que, graças a Deus e a proteção de sua mãe, não teve a infelicidade de se perder nesses problemas porque logo em seguida começaria a trabalhar no projeto que salvaria sua vida.

Quando completou 15 anos de idade sua mãe o colocou no projeto da Prefeitura de Macapá “Adote uma Praça”, que compreendia uma parceria com o Tribunal de Justiça e que oferecia uma cesta básica aos jovens que mantinham a organização e limpeza de praças na cidade. O garoto trabalhou como jardineiro na Praça Zagury por um ano, tempo de duração do projeto.

Após a finalização desta etapa, o Tribunal de Justiça decidiu recomeçar com um novo programa social no Estado: o “Projeto Menor Aprendiz”. E Enilson agarrou mais uma vez a oportunidade de melhorar de vida.

“Neste novo programa, comecei a trabalhar na garagem do TJAP e ali fiquei dois meses. Depois fui para sede do Tribunal. O mais difícil naquele momento foi me acostumar a usar uniforme, calça e sapato social, eu não tinha nenhum costume”, conta sorrindo.

De uma turma de mais ou menos 60 jovens, ele foi o único que após concluir o ensino médio continuou trabalhando no Judiciário. Naquele momento ele percebeu que ali se iniciava um novo e decisivo momento na sua vida.

“Eu não tinha plena certeza do que viria pela frente, sempre gostei de trabalhar, pois eu trabalhava carregando água e limpando quintal de vizinhos para poder ter meu dinheiro. Tive muita sorte de conhecer dentro do Tribunal de Justiça as pessoas certas”, informou ele.

Ele lembra com muita admiração e orgulho de todos os membros do Departamento de Recursos Humanos, atual Departamento de Gestão de Pessoas (DEGESP/TJAP), que contribuíram muito para o seu crescimento pessoal e profissional.

“Eles foram muito importantes, decisivos mesmo, na minha vida, pois me apoiavam e todo dia me cobravam para executar atividades que eu nem sabia que tinha capacidade de fazer. O diretor na época, Veridiano Colares, foi meu segundo pai e me ajudou muito nessa caminhada. Ele me fez acreditar que eu tinha capacidade de melhorar e crescer cada vez mais”, relatou.

Ao completar 18 anos, encerrava a participação do jovem no programa bolsista, mas a relação com a equipe de trabalho era tão afinada que após concluir o período limite continuou mais um ano no Judiciário. Quem pagava o salário dele eram os próprios colegas de serviço que faziam uma coleta para que ele continuasse trabalhando com eles.  

Após completar 18 anos, Enilson foi aprovado em 1º lugar no concurso público da Prefeitura de Itaubal do Piririm, onde atuou como agente administrativo por apenas 2 meses, retornando ao Tribunal de Justiça como servidor cedido.

Foi nessa época que Enilson começou a dedicar-se aos estudos, visando à aprovação em concursos públicos, mas ele mesmo diz que estudava de forma errada, geralmente só no período do concurso e depois parava. Ele contabiliza que depois de completar 18 anos participou de mais ou menos 20 concursos em sua vida.

Contabilizando com o período em que foi Menor Aprendiz, o servidor que completou 20 anos no Judiciário amapaense, passou por várias fases de sua vida aprimorando seu conhecimento e contribuindo com muita dedicação com a Justiça do Amapá.

Ano passado ele começou a fazer faculdade de Tecnólogo de Sistemas de Informação na UNIP e ainda guarda um grande sonho de cursar Direito. Como nunca deixou o tempo passar em branco, começou a trilhar uma nova etapa na sua vida.

Enilson encheu de orgulho seus familiares, amigos e colegas de trabalho, mostrando que é possível vencer a cada dia com empenho e dedicação. Ele foi aprovado em 9º lugar no Concurso do Instituto Federal do Amapá (IFAP) e em 32º no INSS. Nesta semana foi empossado no cargo do IFAP. 

Ele lembra que cada concurso que fez e não passou foi muito triste, mas também foi um estímulo para continuar, estudando cada vez mais sem perder o foco nos seus objetivos.

“Eu não sou de desistir fácil e mesmo que eu quisesse desistir não iriam deixar. Meus colegas de trabalho sempre me cobraram nos corredores para eu estudar cada vez mais. A cobrança sempre foi muito grande e isso só me ajudou, por isso tenho o maior respeito por todos”, ressaltou.

Enilson é uma pessoa que sempre procura aprender coisas novas. Por mais que pareça difícil nunca se absteve de tentar buscar conhecimento. Com muita iniciativa se destaca por querer fazer sempre mais, não se resumindo apenas ao que já sabe.

Após esse longo período ele deixa o Tribunal de Justiça do Amapá para encarar um novo e ousado desafio no IFAP. Com a sensação de dever cumprido e imensa gratidão por tudo que aprendeu, agradece a todos que o ajudaram a ser o que é hoje.

“Vou levar do Tribunal de Justiça a experiência de uma vida toda, tudo o que eu sei fazer hoje agradeço ao Judiciário que me trouxe até aqui”, diz emocionado.

O flamenguista, apaixonado por futebol, completa mais um ciclo de vida. Sua força de vontade, seu caráter irretocável, seu bom humor e toda sua generosidade, sempre serão lembrados por todos os seus amigos e colegas de trabalho, que hoje lhe dão um até logo.

Foram alegrias, vitórias, lutas e derrotas que lhe moldaram o caráter e ensinaram a realizar seus sonhos, se tornando exemplo para todos. É pela sua dedicação e coragem de enfrentar os desafios que a Justiça do Amapá lhe rende total REVERÊNCIA.

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