Nossa Reverência ao servidor José Ribeiro
- Macapá, 06 de maio de 2016-
José Ribeiro de Oliveira, do alto de seus 61 anos, pode ser definido com uma pessoa extremamente determinada e detalhista. Alguém que nunca desistiu ante as dificuldades, apesar das tantas tempestades que enfrentou no curso da vida. Imensamente simples, discreto e de pouca fala, conserva uma postura altiva e atenta, almejando todos os dias a perfeição nas atividades que realiza.
Nordestino, nasceu no dia 8 de dezembro de 1954 na pequena cidade de Pão de Açúcar, no sertão de Alagoas. É um dos cinco filhos do casal Amaro Ribeiro de Oliveira e Carmelita Alves Tavares.
Pai de quatro filhos, sendo três do primeiro casamento: Christianne Xavier de Oliveira, Danielle Xavier Ribeiro de Oliveira, José Ribeiro de Oliveira Júnior e Mirleine Tavares Ribeiro, a caçula, fruto de sua união com Gislene Tavares Ribeiro.
A trajetória do “menino pobre, mas corajoso dos Verdes Campos do Planalto Central”, como faz questão de lembrar, devido aos inúmeros obstáculos que teve de superar nos caminhos da educação e da construção da sua história, teve que encarar com as intempéries propostas pela dura vida do sertão alagoano.
Devido à falta de emprego e inúmeras necessidades, seus pais tiveram que deixar a cidade natal, migrando-se para a cidade de Ceres/GO, onde passaram o período de um ano, começando assim a primeira fase da história do êxodo familiar, pois seu pai era administrador de Fazendas e vivia uma vida quase cigana.
Seu Amaro, o patriarca da família Ribeiro, aproveitava a safra de arroz, milho, feijão e outros produtos cultivados nas fazendas da região para conseguir trabalho e o pão de cada dia. Além do sonho de um trabalho, também queria conquistar um local bom e promissor para estabelecer a família e educar os filhos rumo a uma vida decente e segura.
Nada era fácil para a família Ribeiro. O dia a dia era sempre cheio de dificuldades. Seu Amaro conseguiu mais um contrato de um ano para trabalhar em outra fazenda da região, desta vez na cidade de Nova América/GO. Mas, as adversidades sempre eram inúmeras e tiveram que buscar um novo horizonte. Deslocaram-se para a cidade de São Paulo, onde residiram por dois anos. Tempos de muitos obstáculos e de sofrimentos foram aqueles. Após esse período retornaram ao Planalto Central, para tentar novamente a sorte, agora na cidade de Mundo Novo/GO.
Porém, nessa fase da vida da família Ribeiro, o destino tinha preparado um golpe impiedoso. Em meio aos mais variados problemas, aconteceu o pior: a divisão da família devido à separação de seus pais, sendo esta considerada a fase mais difícil da vida do pequeno Zé Ribeiro, que ficou ao lado de sua mãe, dona Carmelita. Ela decidiu tentar um porto seguro na cidade de Crixás/GO, conseguindo trabalho em uma pensão após passar por um turbilhão de incertezas propostas pela vida.
“A separação de meus pais foi um duro golpe para nossa família, principalmente o momento de escolher com quem os filhos ficariam. A tristeza era muito grande. Ficamos sem rumo, sem saber o que fazer. Foi um dos momentos mais difíceis dos meus quatro irmãos, Francisco, Miguel, Sebastiana e Rita. Eu optei em ficar ao lado da minha mãe Carmelita, uma mulher trabalhadora, dedicada, honesta e guerreira que nos amava e que batalhava pela nossa sobrevivência. Ela sempre quis o melhor para todos nós. Apesar de tantos obstáculos que a vida colocou em meu caminho, consegui com muito esforço, estudo, trabalho e principalmente com muita fé, vencer na vida. Por isso sou grato a Deus por todas as luzes que Ele me direcionou”.
O pensamento do menino Zé Ribeiro era de ajudar sua mãe que não tinha hora para parar de trabalhar. Sua primeira experiência com o trabalho foi de entregador de marmita, aos 6 anos na cidade de Crixás/GO. Também trabalhou de guieiro de bois, trabalho este que consistia em auxiliar a puxar o carro de três juntas de bois. Também exerceu demais atividades como engraxate, vendedor de laranja, carregador de malas na rodoviária, lavador de veículos, dentre outros.
A caminhada em busca da prosperidade, procurando por melhores condições de vida continuava. Passaram pelas cidades de Rubiatava, Goiânia e Corumbá de Goiás, sempre ao lado de sua mãe, que estava decidida a encontrar mais trabalho para terem uma existência melhor.
Em Brasília no mês de setembro de 1964, Zé Ribeiro conheceu Adolfo Fernandes, que se tornou um grande amigo e um parceiro decisivo na transformação da sua vida, pois já estava a vagar pelas ruas, doente, dormindo entre as caixas de lixo com companhias nada agradáveis e a mercê da violência.
E foi este amigo, Adolfo Fernandes, um serventuário da Justiça do Distrito Federal, certamente enviado como um “anjo da guarda”, que mudou o destino de José Ribeiro. Com sua valorosa ajuda, pôde começar a dar uma direção sólida aos estudos, na Escola Classe 405 Norte, Asa Norte da cidade.
Com firme vontade de superação e de vencer na vida, persistiu nos estudos e assim, nos anos de 1965 a 1967 concluiu o ensino fundamental.
Percebeu que a vida estava proporcionando uma oportunidade de dias melhores para conquistar um futuro promissor através dos estudos.
No Colégio Asa Norte, estudou da 5ª à 8ª séries em apenas 2 anos. Foi um aluno aplicado e esforçado. Concluiu o ensino médio depois de fazer Exame de Massa, em 1978.
O advento e a relação de José Ribeiro com a Justiça começou quando o amigo Adolfo Fernandes, serventuário do Cartório da Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), o indicou para exercer a função de office-boy na Vara de Fazenda Pública do Distrito Federal, seguindo as instruções do escrivão Geraldo de Araújo Braga, responsável pelo cartório. Após dois anos de intensa dedicação ao trabalho, conseguiu ser promovido para auxiliar de escrevente.
Seu compromisso com o trabalho era de chamar atenção. Estava disposto a demonstrar que era capaz de todos os desafios. Depois de dois anos conseguiu galgar mais um degrau profissional, sendo promovido ao cargo de escrevente.
A sorte estava decidida a dar uma forcinha, um empurrão na vida de Zé Ribeiro. O jovem recebeu a informação que seria contratado para assumir o cargo de escrevente juramentado, uma função de grande responsabilidade em que substituía o escrivão do cartório, prestando contas dos serviços à Corregedoria da Justiça.
E o cotidiano reservava novas vitórias. Em 1974, houve o afastamento do escrivão, surgindo a oportunidade para que Zé Ribeiro fosse designado à titularidade do Cartório, na função de escrivão interino por seis meses.
Posteriormente, foi contratado pela TERRACAP (Empresa Pública que cuidava dos móveis urbanos e rurais do Governo do Distrito Federal, no Cartório da Vara de Fazenda Pública), no cargo de agente administrativo, onde prestou serviços até 1980.
Neste período foi aprovado e empossado em dezembro de 1980 no cargo de auxiliar judiciário no TJDF.
Em março de 1982, o menino dos verdes campos do Planalto Central teria que assumir um novo desafio, conhecer um novo mundo, uma nova terra, uma cultura totalmente diferente, tinha um encontro marcado com a história do povo aguerrido da Amazônia, seu novo destino seria o então Território do Amapá.
José Ribeiro foi nomeado para o cargo de Contador da Circunscrição Judiciária do município de Ferreira Gomes, para auxiliar o juiz Jesus do Nascimento.
Sua competência, seriedade e eficiência no desenvolvimento de seus serviços foram notados rapidamente, deixando em 1983, a Comarca do município de Mazagão, sendo transferido para trabalhar no cargo de Diretor de Secretaria, auxiliando o juiz João Garcia até julho de 1990.
O destino de José Ribeiro de Oliveira e a sua relação com a Justiça e o povo da Amazônia seria permanente, irreversível, irrevogável. O Amapá o conquistou de vez. Após prestar concurso para o cargo de técnico judiciário no Tribunal de Justiça do Estado do Amapá, foi aprovado em 1991 e empossado no dia 11 de abril de 1992, sendo esta uma data que guarda com muito carinho em sua mente e coração.
Foi lotado inicialmente na Comarca de Tartarugalzinho para trabalhar com o juiz Décio Rufino, porém não chegou a se apresentar naquela Comarca. Seus serviços profissionais seriam executados na 2ª Vara Cível e de Fazenda Pública da Comarca de Macapá, ao lado do juiz Emanuel Pereira até outubro de 1992.
Devido à sua vasta experiência, capacidade dedicada atuação, foi promovido ao gabinete da Presidência do TJAP, assumindo o cargo de Assessor de Gabinete do Desembargador Dôglas Evangelista, onde permaneceu até o dia 4 de março de 1993.
A eficiência de Zé Ribeiro o levou no dia 5 de março de 1993, a assumir o cargo de diretor da Secretaria da Corregedoria do Tribunal, onde desempenhou com muita personalidade esforço e compromisso esta função por cerca de 23 anos.
Foi justamente à frente da Secretaria da Corregedoria-Geral de Justiça do Amapá, que José Ribeiro de Oliveira mostrou todo o seu vasto conhecimento adquirido durante a longa caminhada de rico aprendizado profissional.
Na Corregedoria garantiu, no âmbito de sua competência, a prestação jurisdicional com qualidade, eficiência e presteza.Tinha a clara noção que para ser reconhecido junto à coletividade jurídica, teria que prezar pela excelência de seus serviços, pautando suas atividades nos princípios da acessibilidade, imparcialidade, isenção, senso d justo, transparência, ética e descrição dos valores institucionais.
A Corregedoria do TJAP é um órgão que está presente em todas as unidades judiciais da Justiça do Amapá, de norte a sul do Estado, sempre de portas abertas ao magistrado, ao servidor, colaborador, advogado e, claro, ao usuário dos serviços do Judiciário.
Foram muitos anos de imprescindíveis serviços, auxiliando de forma consistente e eficiente os Desembargadores Edinardo Souza, Honildo Amaral, Mário Gurtyev, Gilberto Pinheiro, Constantino Brahuna e Carmo Antônio de Souza com quem conviveu por duas oportunidades.
“Me considero um homem de muita sorte. Tive a oportunidade de trabalhar com inúmeros magistrados da Justiça, em Brasília e no Amapá. Aprendi demais trabalhando com tantos profissionais marcantes. Nós não julgamos processos, mas, sim valores, sentimentos, doenças, alegrias e tristezas. Devemos nos humanizar mais para atingirmos a sombra da perfeição. Ainda não me sinto preparado para me aposentar definitivamente da vida profissional. Sempre fui muito ativo, sempre trabalhei muito. Vou continuar trabalhando, agora sou advogado ou fazendo consultoria. O que importa na vida é que você faça sempre o bem a alguém. Esse é o meu sentimento e visão de vida. Sou um homem muito feliz e realizado”, enfatiza.
O menino do Planalto Central tornou-se homem da Amazônia, manteve sua humildade, sua fé, que nunca desistiu do trabalho árduo que sempre foi fiel e orgulhoso de sua origem.
A Justiça do Amapá é imensamente grata a você Zé Ribeiro, pelos pilares eficientes e alicerces que ajudastes a implantar no Judiciário tucuju. Obrigado por tudo. Com muita GRATIDÃO, receba a nossa eterna REVERÊNCIA.
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